E QUEREM QUE EU ACREDITE QUE O FUTEBOL NÃO É CADENCIADO

O estádio municipal de Belo Horizonte, o Mineirão, foi utilizado na Copa do Mundo 2014. Para que isso fosse possível, tiveram que dar a ele uma reforma megalomaníaca. Logo que os estádios brasileiros que sediaram jogos foram decididos, deixaram na mídia a orientação de que a FIFA não aprovava o uso de dinheiro do município para viabilizar as reformas. Obviamente teria que ser empresa privada a cuidar delas. Na verdade, a jogada era: a lucrar com elas. Imagine se a FIFA já não teria as indicações já vencedoras para as licitações! Daí apareceram as BWA da vida e outras administradoras para vir mamar nas tetas do povo.

Porém, essa coisa de não entrar dinheiro público não foi respeitada. Logo de cara apareceu na mesma mídia a notícia de que Cuiabá furava o trato. Difícil é saber quem não furou. Em Minas Gerais o governo do PSDB, Aécio Neves, parece ter feito péssimos negócios para deixar o Mineirão um luxo para o Brasil perder de 7 a 1 para a Alemanha e quem sabe acabar de vez com a popularidade da Dilma. Nisso deve ter ficado muita dívida para saldar. Reformaram também o Independência, ora!

Veio então as mais diversas jogatinas para desviar a atenção do público ou para faturar com ibope. No final de 2011 o galo, com um time para lá de superior, perdeu em Sete Lagoas, na última rodada do Brasileirão, para o rival Cruzeiro por 6 a 1 (foi superado noutro estádio e contra outro adversário três anos depois pela Seleção), quando uma vitória simples mandava a fraquíssima equipe cruzeirense de então para a Segunda Divisão da competição no ano seguinte. Era o que a torcida atleticana aguardava ansiosamente. A turma que fica atrás da porta escutando conversa disse que o Ricardo Guimarães, dono do futebol brasileiro na época e de metade dos medalhões que jogavam no Cruzeiro e iam amargar a segundona em 2012, o que daria um baita prejuízo para o banqueiro, chegou o presidente do galo no cantão, que também tinha o patrocínio do homem, e disse para entregar a partida senão ele ia ter que arrumar outro patrocinador para a próxima temporada. 1 a 0 tava bom, mas, como foi falado, os jogadores, que haviam batido o poderoso Botafogo do Rio de Janeiro na rodada anterior por 4 a 1 e suaram frio para livrar a equipe também do rebaixamento, fizeram da maneira que eles, a fim de se safarem de acusações imorais, acharam que geraria dúvida se o resultado era mesmo sério e colocaram mais cinco para dentro. E gerou mesmo dúvida se era.

Daí começou a temporada 2012 e o Atlético apareceu como um dos donos temporários do estádio Independência. Onde arrumou dinheiro para fechar o arrendamento? Dos 6 a 1? Pode ser ou não? E mais para frente o Cruzeiro se viu dono do Mineirão. Os dois estádios haviam passado o ano de 2011 sem receber jogos e ainda estavam com esse status. E mais coisas apareceram no decorrer do ano. O galo, que faturara o Mineiro, se viu a organizar um grande escrete e a estabelecer uma gloriosa e para lá de midiática contratação: Ronaldinho Gaúcho. Sucesso de vendas de babilaques e pacotes de futebol com a marca do time ou com a do Ronaldinho, o galo chegou pela primeira vez desde que o Brasileiro passou a ser disputado em pontos corridos a se posicionar entre os quatro melhores pontuadores do torneio. Poderia até ter sido o campeão brasileiro não fosse as trapaças do clube que se sagrara campeão na ocasião. O CBFlu.

Uma vez vice-campeão do principal campeonato de futebol do Brasil, é de direito disputar a Libertadores do ano seguinte. Havia onze anos que o time não disputava o certame sul-americano e lá ia ele. O Mineirão estava de volta, mas a torcida atleticana decidiu que a casa do time dele era o Independência. "Caiu no Horto, tá morto". E depois, a diretoria do Atlético se via obrigada a por seus jogos no local devido ao arrendamento que fez. Entretanto, só com os jogos do Cruzeiro não estava dando para pagar as dívidas que a reforma do Mineirão gerou. Colocaram Elton John para tocar lá, colocaram Paul McCartney e mais uma série de outros eventos para ver se entrava o complemento que faltava. E nada. Imploraram para o Galo jogar a Libertadores na casa do rival, mas o time se mostrou irredutível. Só foi parar lá na Final a que chegara contra o Olímpia do Paraguai porque inventaram que o Independência não tinha capacidade para o mínimo de público obrigatório para os jogos finais da competição. Coisa que nem o estádio onde o Olímpia jogaria o primeiro jogo da Final tinha e jogou nele assim mesmo. O campo se localizava há poucos quilômetros da sede da confederação sul-americana de futebol.

No final do ano, quem diria, o Cruzeiro foi o campeão do Brasileirão. Ficava a dúvida se o título se devia ao fato de o galo já estar na Libertadores 2014 e com isso dois times mineiros pela primeira vez juntos na competição daria muita badalação em matéria de bafafá e ainda levar-se-ia jogos com boa possibilidade de público e de renda excelentes (mais pela renda do que pelo público) para o Mineirão ou se era pelo fato de por ser o galo o time que a Dilma torce, ela ficaria bastante popular junto aos torcedores (leia: eleitores) atleticanos, que não são poucos, no ano da Copa no Brasil e da eleição presidencial, ofuscando, ainda por cima, o cara que já era previsto ser o possível companheiro de segundo turno da então presidenta, Aécio Neves, torcedor do Cruzeiro. Como sabem: Ser o campeão ou ficar entre os quatro primeiros nessa competição é uma questão de relacionamentos, necessidades políticas e conchavo. Não tem nada de disputa. Como é falado, é sentar na mesa com CBF, Comissão de Arbitragens, STJD, Rede Globo, fazer as atribuições e pensar o que fazer jogo a jogo do campeonato. Como os locutores da Globo narrariam os jogos, he, he!

Mas o mais interessante acontece neste ano de 2014. Pelo jeito, o Mineirão continua na mesma com suas pendências financeiras (ou despesas desnecessárias, né). Já teve jogo do Mineiro lá, da Libertadores, da Recopa Sul-Americana, do Brasileirão, da Copa do Mundo. O Guns and Roses voltou à cidade e tocou lá.

E, pra piorar, a Copa foi um fiasco. Teve obra que não ficou pronta, teve a tragédia do viaduto e a da Seleção que caíram. Faltava eles bolarem uma forma de fazer a Copa do Brasil arrumar um troco para o estádio. Providencialmente, a partir do ano passado time brasileiro que disputa a Libertadores pode disputar a competição.

Na edição do ano passado tentaram formar um Atlético e Cruzeiro nas quartas de final da competição. Tava na cara que era "sorteio arbitrado". Só que muita gente andou desconfiando disso. Vazou a informação que pretendiam colocar uma equipe do Rio de Janeiro ou uma de São Paulo impreterivelmente na Final. O adversário desta podia ser de qualquer parte. Com isso, em uma das semifinais deu Botafogo, que tirou o Atlético Mineiro, contra o Flamengo, que tirou o Cruzeiro. Detalhe: ninguém sabe onde o Flamengo arrumou time para tirar o virtual campeão brasileiro do ano. Isso foi bom para o Cruzeiro, pois já havia ganhado um "bi" do Brasileirão de presente da CBF, ganhou um "tri". E, notou que a ideia era dar um Flamengo X Atlético na semifinal? O negócio são os negócios de um jeito ou de outro darem certo, fala a verdade! O Clube dos 13 é como uma maçonaria, não sabe? Dizem até que o "13" simboliza que a entidade que molda a História está por trás.

E esta edição da Copa do Brasil que está em vias de acabar, cês tão vendo? Putz, gastei meu mineirês! Ora, o que tem de desconfiável??? Primeiro o galo pegou nas quartas de final um dos times de maior torcida do Brasil conforme os números que a Globo propaga: o Corinthians. Fez o segundo jogo em casa, levando para lá uma desvantagem de dois gols. Em vez do palco ser o Independência foi o Mineirão. Por quê? Para dar renda, meu chapa! Esqueceram das duplicatas, notas promissórias, letras de câmbio, hipoteca do estádio sei lá o quê? E aí o jogo aconteceu daquele jeito que agrada o atleticano e a mídia (mais a mídia do que o atleticano): O Corinthians fez um gol no começo do jogo, deixando o torcedor mineiro desesperado e orando como se Deus tivesse condições de interferir no resultado armado, pois o galo precisava fazer quatro para passar de ano direto. E aos 44 do segundo tempo – olha que "curioso" – os quatro gols saíram. Mas não sem ter levado o clube de Minas aquele sustinho de quase tomar o gol que não podia nos descontos. Número que o atleticano não cansa de ver por não se cansarem de apresentar para ele. Já havia visto em 2014 (no Mineirão para variar) na Final da Recopa Sul-americana que o galo faturou.

Depois, quem o galo ficou de pegar na semifinal? O Flamengo. O maior rival interestadual do Atlético Mineiro. Talvez o mais famoso dos confrontos interestaduais do futebol brasileiro. O Flamengo, que também é um dos dois times de maior torcida no país, conforme os números da Globo, que eu sei serem contestados até no Rio de Janeiro. Mas, é a mídia quem fabrica a verdade, não é mesmo? "Somos gotas d'água" para pretendermos ser ouvidos.

E o episódio teatral seguiu com o galo voltando a fazer o segundo jogo em casa. Claro, né! E por puro sorteio. Teve, então, o confronto entre os dois rivais no Maracanã. O escrete atleticano voltou a ter que fazer milagre no Mineirão. Adivinha se a torcida não vai cair e não vai lotar o monumento da Pampulha? Imagine se não vai ela ver uma reprise do Atlético e Corinthians anterior ou do Atlético e Lanuz? É, ué, os que administram o futebol já gastaram sua pólvora. Não criam nada novo mais não.

E só mais uma: Se o galo passar vai pegar quem? O Cruzeiro. Claro, né, o maior rival de todos os tempos. Vai ser a bilheteria derradeira que esse complô espera para ficar livre de vez das agruras da má gestão pública na questão dos preparativos para a Copa no que envolveu o Mineirão. Eu não tenho dúvida de que o Cruzeiro eliminará o Santos fora de casa. Só de a Rede Globo fazer chamada do Jornal Nacional com um "As estatísticas apontam que Santos e Flamengo têm mais chances de serem os finalistas da Copa do Brasil" já dá para desconfiar. Querem convencer a quem que será surpresa se der Atlético contra Cruzeiro?

E aí, se não mudarem o plano por causa do meu texto (pode apostar que não é presunção minha), quem será o campeão? Bem, eu apostaria no Atlético, pois só o campeão pode ir para a Libertadores ano que vem. O Cruzeiro já deve ficar com o Brasileirão da vez, essa queda dele nas rodadas finais se percebe que é estratégica. Faturam mais se forem para a última rodada com quatro ou cinco candidatos ao título. Se o galo for um dos supostos ameaçadores ao título do rival, olha o tanto que vão ganhar com a transmissão, com a audiência para os inúteis programas esportivos no rádio, na tevê ou na internet, com venda de jornais (que quase não acontece mais), com ingressos (antecipados) nos jogos dos dois times de Minas e com venda de outras imbecilidades comerciais desportivas, como camisas e bandeiras de clubes. Se completarem o G4 com Internacional, Corinthians e São Paulo está dentro das expectativas de qualquer especialista em teorias conspiratórias. O Mineirão, o Itaqueirão, o Beira-Rio e o São Paulo estão precisando de uma forcinha financeira e jogar a Libertadores cai bem!