PRÓLOGO DE (CASSARAM ARS CEROULAS)

PRÓLOGO

Os, Queirozes, Neves, Laranjeiras, Bragas, Marianos, Santanas, Oliveiras, Araújos, Athaydes, Lisboas, Alfonsos, Novais, Alcântaras, Barros, Castros, Medeiros, Cruzes, Campos, Cordeiros, Coimbras, Borbas, Rodrigues, Ferreiras, Bodeiros, Silvas, Almeidas, Magalhães, Néris, Mangueiras, Alves, Morais, Limas, Ribeiros, Santos, Sás, Mendes, Nogueiras, Gomes, Leopoldos, Gramachos, Rochas, Antunes, Martins, Bonfins, Monteiros, Graias, Melos, Teixeiras, Carvalhos, Andrades, Matos, Vasconcelos, Pereiras, Britos, Ramos, Leites, Serpas, Souzas, Fonsecas, são muitos dos sobrenomes que nominalmente ou anonimamente fizeram o enredo desta terra centenária, Santa Maria da Vitória, ao longo dos anos, desde a chegada do primeiro remador ou remeiro que seguiu o curso do Rio Corrente desde o Rio São Francisco entrando pela sua foz e depois de contornar o morro do Domingão e das curvas do hoje Sambaíba, deve ter ficado enfeitiçado vislumbrado as belezas das pedreiras e por uma razão ou outra, que não sabemos decifrar, resolveu não seguir viagem a não ser a de retorno, aportando à margem esquerda com sua vara remo, provavelmente amarrando a embarcação em alguma árvore ribeirinha, começando assim a história do Porto Calendário.

Como eu gostaria de poder pedir ao Rio Corrente, às árvores, principalmente o tamarindeiro e os juazeiros para que eles contem a história de nossa terra desde a chegada do primeiro ser humano nas suas margens. Pena que eles apenas testemunham tudo desde o seu início mas através de um pacto de silêncio, preferem manter os segredos para que nós possamos correr atrás da nossa verdadeira história.

O lugar era cercado pelo tabuleiro cujas areias eram protegidas pelas relvas. Na floresta, cajueiros, pequizeiros, cagaiteiras, grão de galo, amendoeiras, pau de angicos, nas margens do rio, tapetes de maria fecha a porta prau o boi não te pegar, araticuns cagões, juazeiros, tamarindeiros; Um vasto tapetes de macambiras forravam todo o chão dos tabuleiros e ainda forram. Uma fauna primordial de variedades de espécies de animais. Um verdadeiro paraíso solitário!

O nosso Porto Calendário, através dos protagonistas, viveu sagas itinerantes e intrigantes; Fantasias e realidades; Sonhos e pesadelos. Realizações e destruições; Fugas e retornos; Natalidades e óbitos. Felicidades e infelicidades; Coragem e medo; Verdades e lendas e é nestas verdades e lendas que o autor Jota Kameral, em um intervalo de festa junina, à frenate do Clube Recreativo Dois de Julho, juntamente com seus amigos, Delvany, Gregório e Antonio Rozinha comentou sobre o Livro de Jorge Amado, Farda, Fardão, Camisola de Dormir e a vontade de escrever uma ficção usando Santa Maria da Vitória como cenário e o nome de alguns amigos como personagens dentro da ficção.

Seria de início uma história de ficção usando como símbolo do poder alguma mania de alguém. O Jota havia pensado no líder politico Rolando Laranjeira que tinha a mania de vestir sempre terno e gravata não importando com o período da estação do ano. Também o Dr. Manuel Cruz, um grande advogado que antes de se formar academicamente, foi rábula durante anos e também não fazia distinção das quatro estações do ano e nem do dia com a noite: Estava sempre carregando o seu guarda chuva, quer nos passeios, quer nas audiências, quer nas missas, quer n os bate papos com os amigos nas casas em que sempre visitava.

O Jota Kameral, de volta a São Paulo via Brasília, durante todo o percurso foi gestando a sinopse e na criação do personagem principal, achou idealizou a coleção de ceroulas como o símbolo do poder do então Tamoio Areais Junior, o coronel, déspota, ambicioso capaz de tudo para ter o poder na mão, custasse o que custasse e, com base neste diapasão, criou-se o Título: Cassaram ars Ceroulas.

Os primeiros rascunhos começaram a ser rabiscados em 1985. Parava, começava, parava e começava. Até 2011 só haviam sido escritas apenas sessenta páginas de caderno, cerca de trinta folhas. O coitado do caderno onde se exarou os primeiros rabiscos e de tanto tempo de uso, de branco ficou amarelo ocre. O Jota priorizou os textos novos para o Recanto das Letras, jamais se preocupando em retornar ao Livro.

A partir de 2012 o Jota teve um surto de escritor e retomou as escritas do Cassaram Ars Ceroulas e acabou se surpreendendo pelo rumo que a história havia tomado, bem melhor do que fora projetado há quase três décadas. Jamais será um livro com peso literário e nem algo do gênero! Passa bem longe disso! Mas a proposta original de si usar personagens verdadeiros dentro da ficção e personagens fictícios participando de fatos reais, narrados de maneira fictícia, fará com que o leitor se delicie de saborear uma maneira diferente de contar histórias flutuando de um jeito ou de outro, como se flutuasse nas areias escaldantes dos gerais.

O enredo traz fatos do passado os quais, à medida que vão surgindo temporalizam as emoções trazendo surpresas jamais imaginadas dentro do contexto. Revelações surgem de onde não se espera e nem se cogita. Talvez seja esse o trunfo do Jota quando deu novos rumos para a história e também para o seu final.

Toda a história circula em torno do Coronel Areias Junior e mesmo, quando nas raras vezes em que há mudança de ambiente dando um pouco de privacidade aos demais personagens, A. Junior sempre está na pauta e isso é o que move a dinâmica da história. ( Um eterno intruso)

A cidade verdadeira de Santa Maria da Vitória no exórdio tinha o nome fictício de Santa Vitória e depois de um plebiscito convocado pelo Areias Junior para mudança de nome passa a ter o nome verdadeiro

Areais Junior tem uma marca fantástica! Talvez um desvio de caráter: Para a manutenção do poder nem os aliados escapavam da sua maldade. E é nesta vertente que vocês serão surpreendidos com a falta de limites deste coronel. Ou melhor: Na sua concepção só existiam os seus limites! O resto era o resto.

Jacaré do Corrente