VIRANDO A MESA

Um dos motivos que mais causava indignação em nós brasileiros, residia em nossa passividade e apatia diante de tantos desmandos, falcatruas e corrupção.

Ouviam-se muitas reclamações, denúncias e insatisfações, porém não havia quem de fato levantasse uma bandeira e fosse às ruas ou a uma instituição para protestar ou para exigir providências.

Governantes, políticos, autoridades e pessoas investidas de poder, sentiam-se livres para agir segundo os seus interesses e convicções, sempre unilateralmente.

Obras superfaturadas, descaso com a coisa pública, aumentos abusivos de impostos, taxas e serviços, sem o retorno correspondente, saúde precária, abandono da educação, falta de segurança etc., sempre foram norte para muitos dos que se perpetuam no poder e dos que lá estão neste momento.

Tanto fizeram e tanto instigaram o povo, que este, oprimido, acuado e sufocado pelos altos impostos e cobranças sem o devido retorno, resolveu mostrar sua força.

Não foi fácil, mas a página foi virada e tudo isso irá compor um acervo que de tão absurdo, constituirá objeto de incredulidade das próximas gerações, ao se depararem com esses dados.

Como já crescerão alicerçados nos preceitos da verdadeira cidadania, trarão fortemente consigo, a noção exata dos seus direitos e deveres. Saberão de quem cobrar, quando e como cobrar.

Não haverá dentre os governantes e políticos, aquele que será capaz de ludibriar as novas gerações, como se fez até aqui.

A página agora é outra e como tal, todo o contexto foi mudado. Novos enredos estão sendo criados e o alinhamento e consciência política serão únicos.

O povo não se prestará mais a ser massa de manobra, será cônscio do seu poder e não permitirá que seus direitos sejam ultrajados, como outrora.

O Brasil já não é mais o mesmo. Para muitos o que parecia impossível, materializou-se com a saída da população predominantemente jovem às ruas, clamando por mudanças.

Imbuídos no espírito cívico e nesse exercício de cidadania, o povo, com esses protestos, está assumindo o controle do destino do nosso país.

Os políticos não mais se servirão do povo, ao contrário, servirão a ele, devendo fazê-lo com retidão, esmero e muita humildade.

É claro que será impossível, para muitos, conviver com mudança tão radical de postura, pois, muitos não conseguirão se adaptar à nova realidade.

Toda mudança radical é dolorosa e muitas vezes complexas para se processar. Por esse motivo, temos que nos manter vigilantes, atuantes e dar tempo ao tempo, até a total renovação do quadro político atual.

junho de 2013.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 03/11/2014
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