O importante é que nós nos comunicamos?

Eu sou do tempo em que nos aparelhos eletrônicos tinha um botão para cada função. Minha filha me pediu um aparelhinho para ouvir músicas que mais parece uma caneta com um olho só. Aquele olho-botão faz tudo e mais um pouco, nem se compara com os botões de antigamente.

Comento com minha filha (ela tem 13 anos!) sobre esse aspecto do micro aparelho e ela me responde: "Já é, mãe!."

- Que isso já é?

O que quer dizer tal expressão? Tudo bem, eu compreendo que é uma gíria, mas...e daí?

Ela balança os ombros, enfia o aparelhinho no bolso e vai para o quarto.

Eu sou do tempo que as respostas, mesmo as monossilábicas eram claras como a água límpida de uma chuva de verão. Quando minha mãe me fazia uma pergunta qualquer a resposta estava sempre lá, esclarecedora: "absolutamente".

Bem, não podia ser tão clara, mas convenhamos que era melhor que "já é".

Esta mesma filha, como toda mulher que se preze (tenho outras 3, todas mulheres...)tem lá suas fases, suas luas, isso mesmo, luas...lua faladeira, lua amorosa, lua silenciosa, lua sombria, e assim por diante.

Em nossos diálogos em que eu cuspo 80 palavras no mínimo descrevendo tal situação, ela me responde: "Né?" - lua silenciosa.

Quando ela chega da escola e cumprimenta todos da família, (inclusive as visitas) com um sorridente: "Oi genteeeee!" - lua faladeira.

Se alguém ganhar um beijinho antes de ir para a cama, à noite - lua amorosa.

Se acaso ela te lançar um breve e sério olhar em sinal de resposta,à alguma questão, relacionada a ela ou não... adivinha? - lua sombria.

E então, ela senta em frente ao computador e passa horas "conversando" com as amigas no msn. Pode?

O importante é que nós nos comunicamos...ou não?