Uma mulher de mãos flácidas e olhar pungente consulta a minha renda, ao estender a sua mão pedinte a mim. Digo que estou sem dinheiro, mas ela insiste, quase a me implorar, não parece ter mais de 20 anos e menos de 50 anos, porém é impossível dizer com precisão a sua real idade, talvez devido ao tempo passado ali, ao relento, ao sofrimento.
     Houve alguns que embora a pedinte estivesse com roupas remendadas e um perfume vencido há séculos, a olharam com olhos de volúpia, vai ver que nós homens
     Sapiens sentimos tensão até no que muitos sentiriam repúdio. Aliás, para alguns a situação daquela jovem e velha pedinte mulher era afrodisíaca. Fico a olhá-la como um retratista obcecado, ela está de saia cigana, e de fato eu senti um tensão quando a imaginei de outra forma.
     A tarde passou brevemente, quando de repente no transitório momento de distração, já não a vejo mais. Corro ao seu encalço e a reencontro, lhe reconheci pelo seu lindo olhar. Aliás, os teus olhos eram como mar, intensos e enigmáticos. Mas agora, ela estava com outra roupa, parecia ter 20 a 25 anos, tinha o corpo delgado, aparência realmente atrativa, seios e coxas visíveis, no que a meia hora atrás parecia uma outra mulher.
     Fiquei impressionado, é incrível o que a aparência realmente pode confeccionar uma percepção ambígua.
     No outro dia passo na mesma rua e lá está ela, fiquei com as duas imagens na mente. Ela estendeu a mão em minha direção e eu com indignação recusei dei dois passos para trás, com isso ela balbuciou algo que não compreendi, e no ímpeto ela sem querer caiu, e quando se levantou, a sua mascara caiu literalmente, muitos que passavam ficaram boquiabertos, impressionados com que viam.
     Eu saltei para a rua oposta ela me olhava furiosa, naquele momento eu senti muito tensão ao Streep da derrocada da bela e jovem e velha pedinte.