Uma noite complicada

Estava eu, numa fria e chuvosa noite, sentado à mesa de um restaurante, na cidade de Bauru. Enquanto comia, a obturação de meu dente se quebrou. Com muita dor, saí pelas ruas à procura de uma farmácia para comprar um analgésico.

Não conhecia a cidade, então, andei muito até encontrar uma drogaria. Comprei um tubo de xilocaína e saí.

Por estar chovendo, após andar um pouco, resolvi correr. A rua estava muito escura, nada se via. Fui diminuindo a velocidade. Ouvi, então, passos atrás de mim, quase no mesmo momento senti uma coisa pontiaguda em meu pescoço. Estava sendo assaltado.

- Perdeu mano. – disse o meliante.

Não sabia se devia reagir, afinal, tinha uma faca apontada para eu pescoço. Pensei em meus pais, em casa, ao receberem a notícia de que seu filho havia sido morto após reagir a um assalto. Hesitei.

Passei meu celular, o ladrão arrebentou minha corrente e pediu meu dinheiro. Tentei negociar com ele:

- Já perdi minha carteira inúmeras vezes. Posso ficar com os documentos e você leva o dinheiro?

Ele fez que sim com a cabeça. Passei o dinheiro a ele, cerca de duzentos reais.

Virei levemente minha cabeça, até conseguir ver seu rosto, barba malfeita, magro e outros traços de um drogado.

Continuamos andando pela rua, estava praticamente deserta. Chegamos a um pontilhão e ele me pediu a jaqueta. Tentou arrancá-la à força, mas não deu certo, tinha um botão na manga que estava prendendo-a a mim, então eu disse:

- Pode deixar, eu mesmo tiro.

Ele me soltou e, nesse momento, resolvi agir. Virei-me e agarrei-o pelo braço. Pequenos e finos braços para um rapaz alto.

Empurrei-o e saí correndo. Depois de um tempinho, eu parei. Só então pensei no que havia feito, botei minha vida em risco por causa de alguns bens materiais. Mas, por raiva, voltei ao pontilhão à procura do meliante, ele não estava mais lá. Já havia dado no pé.