OS CAVALOS

Naquela época, às três horas da matina, Aimorés estava um breu. Havia um mês que faltava luz na cidade. Nenhuma alma viva na rua e nenhuma estrela no céu. Nesta escuridão, José voltava para casa, depois de fazer serão no escritório de contabilidade em que trabalhava e que tinha luz própria.

O jovem caminhava com tanto medo que nem olhava para os lados.

De repente, uma égua, que estava deitada na calçada com seu potrinho,

assustou-se com seus passos, tentou se levantar e caiu ao seu lado.

José deu um grito de pavor e correu, arrepiado dos pés a cabeça.

Na semana seguinte, no mesmo horário e no mesmo local, lá ia o rapaz apressado e morto de medo.

Justo na hora em que passava junto de um muro baixinho, um cavalo enfiou a cabeça na sua frente, como se fizesse reverência.

Mais um arrepio geral e uma carreira desenfreada.

Serão, só depois que a luz da cidade voltou.

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