Outro dia ainda era domingo e a coisa pior do domingo é a segunda feira. O impressionante é que chovia uma chuva pacífica e fria. Já eram mais do que 16hs horas. A preguiça deu-me um soco e espreguiçada às dezesseis horas e cinco minutos fora obrigatória, disse rápido ao meu amigo. Vou-me embora, “Não para Pasárgada” ironizou-me ele, se referindo ao poema do Manoel Bandeira: “Vou-me embora para Pasárgada.” Não fui para Pasárgada, fui para casa, especificamente para cama.
     O meu colchão tem um lado que me abriga que me conforta, a preguiça riu-se, e eu ali com um olho aberto e outro estrábico, não demorei a ser rendido.
     Acordei e já eram mais de sete da noite, bateu-me a vontade de absorver até os milésimos de segundos. Lavei o rosto, água fez-me acordar plenamente.
     Escrevi alguns deveres que tinha que cumprir na segunda feira, e pensei comigo que as poucas horas que me restava, eu podia ir da um passeio. Tomei um banho de “gato” e num átimo já estava pronto.
     Estava no bar do Encontro, pedi logo um suco natural, e resolvi aproximar da bela morena que estava colocando uma nota de dois reais nestas máquinas de música e sentou-se seguida, na mesa junto as suas amigas. E eu tímido, fiquei imóvel. Resolvi, por fim abordá-la, mas o som da música estapeou-me com a possibilidade de ela estar acompanhada. Retrocedi e tomei um gole do suco.      Ela me ignorava, embora eu não tirava os olhos dos seus movimentos leve e delicados, pensei em seguida: - Será que ela é  daqui?  Resolvi usar outra estratégia, pedi ao jovem garçom para lhe entregar um bilhete. O garçom então, com bilhete, já caminhando para entregá-la, quando de repente, o meu peito vibrava, aliás, o meu corpo todo vibrava. O garçom, um jovem de uns vinte e poucos anos, por descuido ou ironia ou ainda intenção, tropeçou e o danado do bilhete caíra exatamente no copo de cerveja que já na metade, estava derramado no chão junto com o fatídico garçom mais a bandeja e cerveja e por fim o apocalíptico bilhete imerso no copo de cerveja.
     Aquela cena era senão um aviso de um iminente e sonoro Não, no bilhete eu a convidava para conversar, sem más intenções. No entanto agora eu estava sem chão, mais do que o atrapalhado e jovem garçom, poderia ousar e talvez pessoalmente. Mas sei lá, estas coisas que acontecem, não são por acaso...
     Eram seis e méis da manhã, com quando o despertador berrou e eu com uma santa preguiça engasgada nos olhos, dormi mais um pouco. E novamente o imperdoável despertador me acordou, prolongando o meu agudo senso de disposição, que era nulo naquele momento, levantei rapidamente, me aprontei mais rápido do pude, estava muito atrasado.
     Já era uma onze da noite o telefone toca e era um amigo me convidando para sair, e ironizou-me é “segunda sem-lei” está foi a última frase que ouvira e a preguiça prima do sono, me nocauteou.
André Mendes
Enviado por André Mendes em 10/11/2014
Reeditado em 10/11/2014
Código do texto: T5030558
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