JOSELITO E A TEMPESTADE

O céu começava a escurecer se enchendo de nuvens negras. Os homens recolhiam os animais no campo, que assustados, bufavam como que antevendo a mudança do tempo. As mães recolhiam as crianças que brincavam nos terreiros e corriam junto com o vento, que arrepiava cabelos e sacudia arvores.

Joselito, menino obediente, entrava aos primeiros chamados da mãe. A casa se encontrava silenciosa e estranha. Todos os espelhos estavam cobertos por toalhas brancas, vasos continham grandes ramos verdes, e prevendo falta de energia havia, espalhados pela casa, diversos castiçais com velas brancas.

O menino nunca era pego de surpresa pelas tempestades, pois à formação das primeiras nuvens, ele já ouvia a mãe prever: ..."o tempo está se preparando", "hoje ela (a chuva) vem".

Porém o que mais impressionava Joselito era a máxima, que olhando o céu, e da porta da cozinha, a mãe profetizava: "....e virá muita chuva, depois dessas trovoadas do tempo antigo". No entendimento do menino, ela estaria se referindo à época do diluvio...

Enquanto o vento uivava lá fora, o menino ficava com o rosto grudado ao vidro da janela, onde os pingos fortes da chuva faziam barulho. Joselito não tinha medo. Mesmo quando o clarão do relâmpago

iluminava o pátio, atravessando os campos distantes, como riscos de fogo clareando tudo, mesmo assim o menino nada temia. Pois mais forte que todos os sons da natureza revoltada ele ouvia a voz da mãe que rezando, implorava: "Pai Nosso que estais no céu..."

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CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 11/11/2014
Reeditado em 13/11/2014
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