A CORRIDA PARA EMPURAR O VENTO

A CORRIDA PARA EMPURRAR O VENTO

A vida nos oferece três condições: a de olhar para dentro de nós, a de olhar em nosso redor e a de olhar para o alto.

Um famoso corredor, de longas distâncias, ainda chorava a morte de sua querida mãe, quando iniciou uma longa e solitária maratona. No início corria talvêz para distanciar-se da dor pela perda de ente tão importante e querido. Em seguida, objetivou atravessar o seu país de costa a costa. Depois de vários dias de corrida, já chamava a atenção de todos por onde passava. Recebia aplausos e seguidores até à porta da saída da cidade. Virou comentário nacional, o motivo da sua corrida. Um repórter de televisão perguntou qual seria o motivo de sua corrida se não havia prêmio. Ele respondeu: corro para empurrar o vento. Insatisfeito, o repórter, considerou: mas é uma corrida sem objetivo, sem propósito, não há lucro efetivo e você já está com os pés em frangalhos, barbudo, correndo em condições sub-humanas, já pensou em desistir? Já, respondeu o corredor, mas os amigos e o que vi sob o sol e a lua, me mostraram que qualquer que fosse o motivo de minha desistência, nada iria mudar. O sol estaria inclemente nos dias de verão e a lua socorreria às noites como os seus raios de ternura. - Ainda insatisfeito o repórter fez mais uma pergunta: O que você ganha com isso? Acho uma perda de tempo, uma bobagem. - Caro amigo, durante esses dias que estou correndo empurrando o vento com o meu corpo já cansado, nas subidas, quando penso não suportar, olho para cima e vejo as florestas à minha frente adornadas por um céu azul de beleza infinda; nas descidas, vejo os vales com os seus verdes que me trazem e devolvem as minhas esperanças; nas planícies, quando olho para o horizonte, o lago se confunde com o céu, não se sabe onde um termina e o outro começa. E tudo está à minha disposição é só colher.

O corredor, concluiu sua corrida e sua dor ficou mais amena. Acumulou muitas medalhas e tornou-se herói nacional.

Na vida, por muitas vezes, nos sentimos numa verdadeira corrida para empurrar o vento. Sem objetivos e sem prêmios. No trabalho ou até mesmo em outras relações, se tentamos mais distante ficamos da nossa “Terra Prometida”, tão buscada e sonhada. Os óleos e as graxas da vossa vontade, só lubrificam as engrenagens do tempo que passa rapidamente. E por muitas vezes nos sentimos acuados, impotentes e ao relento. Nos esquecemos que o sol inclemente dos dias de verão é o mesmo que aquecem os dias de inverno e a lua é a mesma que espalha seus raios de ternura iluminando as noites mais escuras. Esquecemos que a vida é a vida. E deve ser vivida. Sabendo-se que existirão as subidas, descidas e planícies; e que devemos fazer dela uma contemplação constante. Nós somos apenas um grão de areia que fazemos parte de um todo mais forte, que quando unidos a outros, aguenta as batidas do mar, se entendermos que no seu retorno as águas acareciar-nos-á. Como na visão daquele maratonista: Olharmos o dentro de nós para que entendamos nossa essência; Olharmos em nossa redor e ofertarmos o melhor da nossa substância e Olharmos para o alto, com a humildade dos humildes, pois de lá vem toda força e energia para que nessa jornada passageira sejamos uma imensa planície onde o lago se mistura com o céu, nos mostrando que no aprender da vida não existe o começo nem o fim, posto que somos eternos aprendizes.

Contei.

Manuel Oliveira

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 27/05/2007
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