O vencedor e as batatas

Tem um supermercado que eu costumo ir que tem um estacionamento pequeno em relação ao movimento de clientes. Por vezes o estacionamento fica lotado e muitos ficam para fora.

Quando vou nestes horários, deixo o carro na rua. Apesar de andar um pouco, vale o esforço, entra-se sem estresse.

Outro dia, o tempo estava fechado, a chuva viria a qualquer momento e deixei o carro na rua.

Entrei e a chuva veio.

A chuva torna as pessoas um pouco estranhas. Por alguma razão elas não querem se molhar. Nem um pouco.

Não adianta, a chuva está lá e a menos que você fique parado dentro de um lugar devidamente coberto, você vai se molhar. E molhar um pouco até não é tão ruim assim.

Mas aquela historia: O direito do próximo acaba quando começa o meu, não é só uma troca de palavras do ditado original, mas inverte-se a prioridade. Hoje não se admite que o outro invada o meu direito! E num dia de chuva o direito de todo mundo é permanecer seco.

Terminei minhas compras e vi que a chuva estava realmente pesada. Achei melhor esperar um pouco.

Tem uma marquise em frente ao supermercado e algumas pessoas se aglomeraram ali. Alguns motoristas, enfrentavam a chuva, pegavam seus carros, entravam abaixo desta marquise, enquanto outra pessoa, ficava abrigada e carregava o carro.

Dado momento um impasse, dois carros disputavam a marquise ao mesmo tempo.

Um carro pequeno ia pegar uma senhora grávida que estava com uma compra pequena. O outro, uma pickup grande que apanharia um senhor com um enorme pacote de batatas.

O par da pickup/batata argumentava que “seria rápido”, enquanto o casal pequeno carro/grávida, argumentava que ela estava grávida.

Ficaram discutindo um tempo, mas a pickup com todo o seu tamanho venceu a queda de braço com o pequeno carro e o vencedor mais as batatas puderam ir, secos para casa.

Pois é, na gentileza do transito, as batatas na caçamba valem mais que o bebê no ventre.

E ao vencedor, as batatas.