MORADORES DO MUNDO.....

Refleti muito hoje sobre a ausência. Não a que envolve o afastar-se fisicamente, pela Vida ou pela Morte....mas a ausência que cria no pensamento uma lacuna, um vazio, que cabe aos estudiosos a discussão e a nós, poetas...ah....haja " verso reflexão"! Tento imaginar o que passa pelo coração das pessoas que têm, em seu seio familiar, alguém muito querido e ao mesmo tempo desconhecido. Enquanto urgente se torna trata-lo como alguém que necessita de ajuda, fala mais alto o coração da mãe, da esposa, do filho que acredita na cura pelo carinho ( esta cura já experimentamos com minha mãe, e junto com o acompanhamento médico possibilitou que sua permanência aqui tivesse um brilho de " feliz carinho".

Para poetar sobre tão longo e difícil estado de " fuga do mundo real", fuga esta involuntária, eu enxergo as lacunas como um canto seguro, onde esconde-se a vontade de tantas coisas que soam estranhas â maioria ( para lembrar... meu tio Antonio, homem bonito, alto, belos olhos claros como minha mãe....tornou-se morador do mundo por vontade própria, e dizia que aquela era sua sina.....nunca mais o vimos )

Acredito que os que sofrem do mal do esquecimento, da perda de memória, do " não saber quem eu sou e quem são todos"...de verdade buscam seu mundo ideal. Onde suas atitudes de partilha e respeito, engajamento, desapego, misericórdia, que os tornam

loucos aos olhos do mundo...podem ser acolhidas.

Talvez tornar-se morador do mundo, seja uma faísca de lucidez em meio a tantas sombras que assustam nossos " esquecidos" .Irresponsabilidade seria dizer que foi uma opção - em meio a tantos estudos sobre a lucidez e o esquecimento. Mas ao poeta é permitido falar do coração e então....podemos acreditar que um dia o mundo dos libertos, dos despojados, o acolheu. E assim seja!

( Esta crônica é um abraço de luz para uma nova amiga , completamente deste tempo , que anseia por explicações para a Vida....Vida que segue!)

Sororidade Contada em Prosa e Verso
Enviado por Sororidade Contada em Prosa e Verso em 25/11/2014
Reeditado em 25/11/2014
Código do texto: T5047593
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