Contratempo

A essa altura da viagem, eu deveria descansar um pouco

Planejei cuidadosamente os detalhes, tempo e espaço

Mas a força das águas e do vento alteraram o roteiro

Não poderia imaginar que a ponte sobre o grande rio

Seria levada na turbulência da cheia causada pela chuva

Olhando atrás, já não há caminho de volta

Pois engolida pela erosão na força da tormenta

A estrada em que passei se tornou um grande abismo

Não há lugar nem tempo para descanso aqui

Pois a noite com seus terrores se aproxima

Só resta subir margeando o rio até bem longe

E me lançar na correnteza sendo levado por ela

Num empenho contínuo, alcançar a outra margem

Terei que deixar toda bagagem acumulada

Num esforço sobre-humano por um novo recomeço

Aceitar o contratempo, e seguir nesta jornada

E enquanto houver vida não parar, só avançar

Independente da incerteza de ter êxito ou não

Almejar apenas o prêmio da perseverança e fé

E saber que de qualquer maneira após a tempestade

Haverá sempre um novo amanhecer brilhante

E o sol tingindo fragmentos de nuvens que ainda restam

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 26/11/2014
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