A flor

[Órgão reprodutor das plantas.

A função da flor é mediar a união dos gametas

masculinos e femininos num processo denominado

Polinização]

Tenho um jardim (suspenso) na parte da frente do terreno de minha casa, dá pra ver pela vidraça da janela da sala. Olhando para ele diviso as rosas, azaleias, primavera e a exótica "bola de natal" ou flor de natal (apenas se abre no final de novembro). Fico pensando na relação entra a flor e o amor. A flor é referência de beleza, inspiração dos poetas: “Mulher quando morre vira uma flor no céu” (Chico Buarque); “O beijo é flor no canteiro ou desejo na boca?” (Carlos Drummond); “Morena flor, me dê um cheirinho cheiinho de amor” (Vinícius de Moraes); “Fez-se uma pausa no tempo, cessou todo meu pensamento, e como acontece uma flor também acontece o amor” (Tom Jobim). “E é nisto que se resume o sofrimento: cai a flor, e deixa o perfume no vento!” (Cecília Meireles); “Duvide do perfume de uma flor ... Mas nunca duvide do meu amor” (Shakespeare). A reprodução das plantas é tão sublime, realizada num ambiente maravilhoso, no interior de uma flor. Por analogia diríamos que a flor é a revelação do prazer da natureza ao se multiplicar. Imortalizou Saint Exupéry: “Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”. Entre os seres humanos essencialmente a reprodução ocorre num ambiente de amor, onde o “prazer” é semelhante a flor da natureza. O prazer é exclusivo aos humanos por definição. No animal inexiste prazer, e sim, o instinto. Entre as plantas e os animais, inexiste uso inadequado. Já no homem, por influência da cultura hedonista, não importa tanto o ambiente (amor), prevalecendo muitas vezes o prazer. O homem precisa retornar aos seus bons tempos, voltar a ser administrador sensível e imitador da natureza, principalmente a sua própria, resgatar o autodomínio e deixar de ser usurpador, mas poeta, admirador, contemplativo. Afinal,

“Se o amor cabe numa só flor, então é infinito” como seu Criador.