MENINO DE RUA

Sempre que passo pela manhã em frente ao JJ Mercadinho, na Rua Silvino Lopes, tenho o desprazer de deparar-me com duas crianças dormindo na calçada oposta. Então me questiono. Onde é que está a Promotoria da Criança e do Adolescente? Ou será que existe no Município um Conselho Tutelar? Ao meu ver, são perguntas sem respostas. Aquelas crianças, que deveriam ter o amparo do Estado, dormem ao relento como um cão sem dono. E o pior; terão que praticar algum crime para que possam ter um abrigo através da FUNDAC. Lá conviverão com malandros de toda espécie e sairão treinados para o crime. Adiante serão mortos pelos traficantes de droga ou pela própria Polícia. Triste sina desses meninos.

Esta é a nossa forma de combater a violência. Criamos e depois combatemos, uma batalha sem fim. Recordo que em tempos idos, a FEBEM, hoje FUNDAC tinha internatos em Jaboatão, Garanhuns, Pedra de Buique, Águas Belas, Vitória de Santo Antão e outros. Esses internatos serviam para atender crianças e jovens sem família ou que as famílias não tinham condições para mantê-los. Tomemos por exemplo o Instituto Profissional de Pacas, chamado depois de Cidade do Menor e hoje não sei lá de quê. Sempre com um efetivo médio de 300 alunos, com idade, creio, entre 12 e 16 anos, esses jovens tinham a sua disposição escola regular, oficina de sapateiro, oficina mecânica, oficina de colchoaria, oficina de carpintaria, oficina de música, padaria escola e diversas atividades agropecuárias como: criação de porcos, frango, coelho; plantio de todo tipo de hortaliças verduras, milho, batata doce, macaxeira, entre outras. Era praticamente impossível o aluno não aprender uma profissão. Esses alunos com cerca de 16 anos eram transferidos de Vitória de Santo Antão para Garanhuns e de lá eram desligados quando maiores e com relativa facilidade se engajavam no mercado de trabalho. Valendo ressaltar que a própria FEBEM, em muitos casos, já desligava o aluno encaminhado para um emprego. Muitos alunos tiveram carrera de sucesso nas Forças Armadas, principalmente na Marinha, com destaque para os músicos. Muito diferente de hoje, quando a FUNDAC se transformou num depósito de malandros e de malucos. Com jovens infratores se apresentando na televisão e dizendo: “saí de lá pior do que entrei”. Na época da FEBEM, sim, se combatia a violência. Se ensinava a trabalhar, hoje se ensina a ser marginal.

Dizem os tecnocratas do Estado ligados a área que o local da criança é junto da família no que em parte concordamos. Só perguntamos que família?

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil apresenta a segunda maior taxa de mortalidade por agressão do mundo, ficamos atrás apenas da Colômbia, que vive mergulhada numa guerra civil há mais de 30 anos. É muito fácil para o Estado esconder sua omissão dizendo que a culpa é da sociedade. Ocorre que a sociedade já é a vítima da falta de compromisso dos poderes públicos.
limavitoria
Enviado por limavitoria em 29/05/2007
Reeditado em 29/05/2007
Código do texto: T506371