É SEMPRE ASSIM

No período de eleições, sejam elas para representantes municipais, estaduais ou federais, o discurso é sempre o mesmo tanto da parte dos partidos quanto da parte dos candidatos: acabar com a fome, diminuir a desigualdade social, pleno emprego, melhoria geral dos salários, solução para os problemas do trânsito, solução para os problemas de saúde pública, solução para o transporte público, casa própria para todos, fim da corrupção, retirada dos moradores de rua e qualificação destes para o trabalho, combate efetivo às drogas, redução drástica da violência, marginalidade etc.

Essas mesmas pessoas são eleitas, tomam posse e tudo continua como antes. Ou melhor, os problemas para os quais partidos e representantes afirmavam ter a solução se agravam a cada dia, chegando ao ponto do descontrole, do insuportável. Praticamente tudo se deteriora ainda mais: o trânsito, o problema de habitação, a saúde pública, o transporte público, o custo para aquisição da casa própria, o trânsito, a corrupção, a população de rua aumenta dia a dia, a oferta de droga e os viciados aumentam assustadoramente, a marginalidade perde a cada dia o respeito às autoridades, passando a “cassar” e a matar policiais, aumentam os assaltos a residências, a postos de gasolina, a estabelecimentos, às pessoas, às residências, a shoppings, a caixas eletrônicos, com indícios cada vez maiores de que a vida das suas vítimas não tem qualquer valor, quando estão em jogo a consecução de seus inescrupulosos objetivos.

O poder constituído, em todos os níveis, está amargando o preço de décadas de descaso e de omissão frente aos evidentes sinais de descontrole. Descontrole esse que por mais que as autoridades buscam negar, ficam cada vez mais evidentes, não cabendo mais sob os tapetes.

E quais as providências tomadas pelas autoridades, diante do caos estabelecido? Aumentar ainda mais os impostos, construir mais presídios, maior segurança para as autoridades, para juízes e desembargadores. E para evitar que o protegido seja emboscado ou morto pela própria segurança, serão designados seguranças para "vigiar" os seguranças. Serão abertos novos concursos, realocadas verbas da saúde, da educação etc. para a rubrica da segurança pública, aquisição de mais viaturas, mais armamentos etc.

Não se vê movimentação dos governantes e legisladores no sentido de efetivar mudanças drásticas no código penal e do processo penal, de forma a aumentar as agravantes e o tempo de pena e até mesmo instituição de, pelo menos, a prisão perpétua para os delinquentes contumazes, efetivo cumprimento das penas, custeamento dos gastos pelos próprios presos etc.

Diante de tanta falcatrua, corrupção, individualismo, descaso, omissão, despreparo e com tamanho aumento da máquina pública, será que sobrará alguém para manter tudo isso?

Exagero? Então vejamos: os políticos e autoridades dispõem, cada um, de vários seguranças e seguranças para vigiar os próprios seguranças. O código penal e processual penal estão ultrapassados, com muitas brechas que favorecem a delinquência. Construção de presídios envolve superfaturamentos, elevadíssimos custos com a manutenção predial, maiores gastos com os presos e do aparato policial, aumento dos custos com alimentação, mais controle, mais isso, mais aquilo.

A polícia prende mas a lei manda soltar e a cada "soltura", mais assaltos, mais assassinatos, mais drogas, mais drogados, mais intranquilidade, mais policiais empenhados em novas capturas e recapturas (entenda-se: policiais, viaturas, helicópteros etc.), balas perdidas vitimando inocentes, aumento do caos.

Sem falar no auxílio reclusão, bolsa-família, bolsa-moradia, bolsa-maternidade, bolsa...

E que ironia: os alvos dos assaltos e dos homicídios, são exatamente os trabalhadores, os comerciantes, os empresários, profissionais liberais, os próprios policiais e toda a parcela produtiva da sociedade. Aqueles encarregados de amargarem os altos impostos cobrados de cada um, exatamente para que tenham a garantia, dentre outras, de segurança, bem-estar, direito de ir e vir e tudo o que expressa o artigo 5º da Constituição Federal.

Para agravar a situação, muitos jovens optam pelo crime, pois consideram o estudo e o trabalho honesto vexatório, indigno, monótono e sem perspectivas. Preferem o imediatismo da bandidagem, por ser mais prazeroso, mais alucinante e mais rentável, mais liberdade. Outra parcela considerável de jovens prefere o mundo das drogas. Tantos outros acreditam que poderão passar o resto da vida, apenas usufruindo das benesses do patrimônio herdado de seus pais. Os demais, que Deus os abençoe e lhes deem muita força, vida e saúde, para arcar com os ônus dessa impunidade.

Até quando ficaremos apáticos a tais absurdos? Quando iremos canalizar energia e nos mobilizarmos nos para cobrar ações mais efetivas das autoridades, no sentido de acabar com tantas omissões e malversação, dos altíssimos impostos a que somos obrigados, impedindo os nossos dirigentes de continuar o mesmo discurso vazio a cada período eleitoral e no transcurso do mandato?

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 19/12/2014
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