VÉSPERA DE TODOS OS SANTOS
Na 6ª Feira, D. Maria foi ao cemitério arrumar o túmulo de seus familiares. Numa mão, o celular; na outra, as flores. Lá chegando, colocou o celular num vão do telhado da ala das “gavetas”. Terminada a arrumação, retornou a casa. Horas depois, foi ligar a um dos filhos.
“– Onde botei meu celular?”
Lembrou-se de que o deixara no cemitério.
21h30min. Ligou à nora que lhe dera carona, à tarde, e perguntou:
– Tens coragem de ir ao cemitério, agora?
– Ao cemitério? O que houve?
– Esqueci o meu celular lá.
– Sim, vou.
Minutos depois, a garota chegou.
No cemitério, a nora ficou no carro. D. Maria, de lanterna na mão, foi num primeiro momento ao jazigo da família, nada; depois foi ao túmulo dos tios, nada. A nora, bastante preocupada, sugeriu-lhe que ligasse ao seu número. Se alguém o achara, atenderia. Ligou e uma voz feminina atendeu. Ao perguntar, quem era, a pessoa desligou. Deu um tempo e ligou novamente. Um garotinho atendeu. Explicou-lhe o ocorrido e ele disse que iria ligar à Fernanda, pois é sua colega e o seu nome constava na agenda do telefone. Perguntou-lhe onde morava e, a seguir, foram à casa do menino. Recuperado o telefone, agradeceu e, ao entrar no carro, pensou:
“– Ah, se alguém me viu entrar no cemitério às 22h, certamente, imaginou que eu fora levar alguma oferenda aos Pais de Santos.