Despedidas e despedidas

No decorrer de um rio, ao qual chamamos de vida, existe uma nascente e existem pedras, e é possível encontrar correnteza e é possível encontrar calmaria. Nas árvores que estão à margem do rio, pelas quais chamamos de fatos marcantes da vida, existem raízes e existem sombras, e é possível encontrar folhas caindo e é possível encontrar frutos caindo no rio.

No decorrer desse rio, vários rios se agrupam para formar um novo rio, a esse fato chamamos amigos, chamamos família, chamamos amor. Sabemos que esse fato torna esse rio mais forte e mais extenso.

No decorre do tempo e seguindo seu curso natural, algumas águas se desprendem desse rio, que ainda se chama vida, formando novos rios, rios de outros nomes. Formado com a mesma água da vida, a esse fato denomina-se despedida.

Às vezes, esses rios se encontram, às vezes, alguns se perdem, mas o rio continua a seguir o seu curso, o seu destino...

O rio sofre com os invernos, pois os frutos das árvores não caem mais no rio, nem as folhas, nem as sombras, mas as árvores continuam lá e em algumas estações os frutos recaem, as folhas se ficção e as sombras reaparecem. O rio se alegra com os verões, pois escuta as cigarras a cantar, e esse som, que é trazido pelo vento, lembra o adeus de águas antigas que se formaram em outros rios, que se formaram com outros nomes, em outros tempos, mas que possuem a mesma essência das águas da vida...

Enfim, o rio chega ao seu destino, agora ele se chama morte, e ele chegou à noite, quando ainda a lua se vestia de nuvens... Não sabemos ao certo o que acontece, nem mesmo a lua que há tanto tempo presencia tal cena.

Quando minhas palavras ficaram mudas nessa folha, escutei o barulho das ondas, e lembrei que nossos ancestrais as denominaram esperança, e também lembrei das lendas do oceano e todo o horizonte que havia e todo o mistério submergido nele, e lembrei de uma antiga profecia que explicava as despedidas, nela se proferira: não há despedidas, existem apenas intervalos, pois todas as águas, um dia, se encontram no oceano, no oceano dos encontros.

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 31/05/2007
Código do texto: T508770
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