SEM ASSUNTO

Em uma praça.

- Quer pipoca?

- Não.

- Algodão doce?

- Não.

- Quer o quê?

- Nada.

- É... a Lua está muito bonita, não é?

- A Lua é sempre linda.

- Bem. Assistiu ao último capítulo da novela?

- Tenho mais o que fazer.

- E o seu pai, melhorou da gastrite?

- Está na mesma.

- Coitado! Que sofrimento.

- Talvez ele mereça.

- Está bem, mas o que pensa em fazer neste fim de semana?

- Não tenho a mínima idéia.

- Como não tem?

- Não estou preocupada com isso.

- Então. que tal uma prainha amanhã?

- Deus me livre! gosto muito de minha pele.

- Tenho protetor solar.

- É horrível ficar lambrecada.

- Hum... um cineminha vai bem.

- Não há nenhum filme bom em cartaz.

- "Os Amantes", dizem que é ótimo.

- Pornografia não faz o meu gênero.

- Fique tranqüila, é de amor.

- Prefiro filmes mais realistas.

Instantes depois.

- Ufa! que calor! Vamos tomar um sorvete?

- Quem garante que a água deste sorvete é filtrada.

- Quer pipoca?

- Não.

- Algodão doce?

- Não.

- Vamos caminhar... é...

- Estou cansada, dei um duro danado hoje.

- Algum problema comigo?

- Não.

- Parece que esta meio...

- Meio o quê?

- É que...

- É que o quê?

- Nada!

Pouco mais tarde.

- Por favor, não me beije. Não vê que estamos numa praça pública?

- Dane-se! você é minha namorada, garota...

- Se quiser tem de ser assim.

- Vamos para outro lugar, se o problema é esse.

- Prefiro continuar aqui.

- Tudo bem! Tudo bem! Algodão, não, não! Balas?

- Não.

- Pelo jeito não gosta de nada.

- Bobagem.

- Como assim bobagem?

- Esqueça.

- O que faremos, então?

- Nada.

- Mas, mas... deixe pra lá.

Marcos Arrébola
Enviado por Marcos Arrébola em 01/06/2007
Código do texto: T509547