Silêncio no Paraíso

Nesta manhã acordei com uma sensação horrível e indefinida

Senti que as pessoas não andavam e nem mesmo sabiam mais falar

Vi que as coisas se tornavam pequenas e sem sentido

Apesar de tantos pequeninos detalhes, a chuva não molhava o chão

Vi também que todos os rostos deixavam cair algumas lágrimas sem motivo

Mas nada mudava, o sol em seu crepúsculo tão distante

A janela fechada e guardando um frio tão certo da alma desamparada

Nem mesmo as flores foram poupadas, sua beleza havia se tornado insignificante

Pois, os olhos para admirá-las estavam cobertas por cinzas

E assim era a paz que todos pediram um dia, nada se mexia, nada falava

Apenas os ventos levavam uma folha ou outra pelas portas trancadas

Apenas os rios corriam e os ouvidos estavam ali, prontos para escutar

Mas ninguém estava pronto para falar

Apenas paz, apenas silêncio, apenas um incômodo incerto

E eu sabia disto tudo, o verão havia acabado, os desejos haviam sido realizados

Mas nada poderia inteferir nesta perfeição, nada deveria tocar o imenso véu que cobriria os segredos do paraíso

Apenas as coisas mais simples fariam sentido, apenas as pequenas coisas seriam para sempre, pois o resto eram peças imperfeitas

Daykon
Enviado por Daykon em 01/06/2007
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