Silêncio no Paraíso
Nesta manhã acordei com uma sensação horrível e indefinida
Senti que as pessoas não andavam e nem mesmo sabiam mais falar
Vi que as coisas se tornavam pequenas e sem sentido
Apesar de tantos pequeninos detalhes, a chuva não molhava o chão
Vi também que todos os rostos deixavam cair algumas lágrimas sem motivo
Mas nada mudava, o sol em seu crepúsculo tão distante
A janela fechada e guardando um frio tão certo da alma desamparada
Nem mesmo as flores foram poupadas, sua beleza havia se tornado insignificante
Pois, os olhos para admirá-las estavam cobertas por cinzas
E assim era a paz que todos pediram um dia, nada se mexia, nada falava
Apenas os ventos levavam uma folha ou outra pelas portas trancadas
Apenas os rios corriam e os ouvidos estavam ali, prontos para escutar
Mas ninguém estava pronto para falar
Apenas paz, apenas silêncio, apenas um incômodo incerto
E eu sabia disto tudo, o verão havia acabado, os desejos haviam sido realizados
Mas nada poderia inteferir nesta perfeição, nada deveria tocar o imenso véu que cobriria os segredos do paraíso
Apenas as coisas mais simples fariam sentido, apenas as pequenas coisas seriam para sempre, pois o resto eram peças imperfeitas