LUTO

Ultimamente vivencio um luto insistente, algo que germina o falecer do ato, feito venenoso fel que migra de uma ideia a outra sorvendo toda possibilidade de fertilidade, mesmo que primaveras chegue a cada ano.

Nada simétrico esse temor, e nem tão gigantesco, apenas denso, concentrado e com dose fatal, assumindo proporções fantasmagóricas que assombram o sol que interiormente queima vida e sopra esperança dentro do ser.

Um infinito e arenoso Saara prolonga o existir nestas depressivas palavras e que por teimosia ainda sobrevive em meus lábios, feito esperança de mudanças que teimam no aguardar de uma nova estação; tecendo também com rispidez, um acobertar de idéias que sufoca qualquer tentativa de ludibriar a fome de justiça.

Enquanto uns vivem o ostracismo mental, outros vivenciam plenamente o desejo de não mais serem nada além de acúmulo de cotidianos, operando nas entre as muitas vezes indecifráveis linhas daquilo que sequer sabiam existir. Mas agora em seu agora tomam corpo e forma diante do caos metafórico da construção do que se é.

Por hora deixo o lado do simbólico que habita as letras de minha alma e verborragicamente e sem a virtude da política da boa vizinhança transgrido o caos que vejo formar à minha frente, saboreando o amargo gosto do comportamentos daqueles que jamais somarão comigo algo de bom e belo em prol do coletivo.

percebo naus à deriva e sem perspectivas de horizontes, antevejo hipocrisia de vizinhos que atrapalham caminhos e caminhantes, vizinhos territoriais, vizinhos de idéias, vizinhos de labores, vizinhos de ... hoje luto, mas quase na desistência, nada me resta de desejo de continuidade, apenas esse texto reflexivo e profundamente agigantado de descontentamento.

As palavras saem e certamente migrarão para outros sabores e sentidos, não pelas orações que faço, nem pelo luto que toma forma, mas pelo correr do tempo que escreve novas linhas de vivencias que somarão gradativamente ao que sou. Sou também um pouco do sorrir esperança.

DESAFOGO

DESAFAGO

DESAFETO

Tenue linha a cerzir minha alma... entre as linhas, o alinhavo me reconstruindo dioturnamente

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 12/01/2015
Código do texto: T5098866
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