BRASIL 500 E MAIS ALGUNS ANOS

BRASIL 500 E MAIS ALGUNS ANOS: UM INEVITÁVEL TETO DE ESTRELAS

Enquanto o discurso prevalecer, nunca se estabelecerá o caos. Foi, é e será sempre. Os povos caminham tranqüilos enquanto escutarem o som suave do berrante lhes indicando o caminho. Com o som desafinado está formada a confusão. Ninguém se entende. E haja folego para soprar o berrante novamente, cada vez mais forte para restaurar a paz na caminhada. Trocava-se o berranteiro, noutros tempos, como tentativa de amenizar a confusão. Mas, uma vez instalada, fica no inconsciente, ela não acaba. Permanece. Transforma-se num vulcão em tempos de inatividade. Erupça-se no seu momento.

O discurso nos leva a ver a terra prometida sem nunca tê-la visto. Sua linguagem metafísica desperta os sonhos. Nos transporta para uma realidade virtual. Os berranteiros desses discursos têm que ter ao menos a responsabilidade, o preparo e principalmente a dignidade para continuar tocando o berrante. Acima de tudo, das suas mãos é que saem os sons que norteiam o caminho..

No Brasil, não sei por quanto tempo ainda irá soar o berrante suave de uma caminhada tranqüila. Seus governantes estão sem a credibilidade. Escândalos e mais escândalos financeiros. Desvios e favorecimentos. O dinheiro do povo mal empregado. O cidadão comum desestimulado ao pagamento dos, por vezes patrióticos, impostos. Pagar pelo Brasil! Ouro para o Brasil!

Nossos contemporâneos só pensam em benefício próprio. Nos poderes constituidos, a banda podre, de berrante na mão, está sobrepondo os seus interesses em detrimento aos da maioria. Para uns, três mil e não sei quantos, só como auxílio moradia. Para muitos, o mínimo e não me lembro do resto, para subsistir incluíndo moradia. Mesa farta, poder, luxo, riquezas e mansões. Contra a fome, o desesprezo, o desespero, a necessidade, a condição sob humana de existência num inevitável teto de estrelas.

O abismo se forma diante de nós. De que lado ficamos? Já dizia o Rui, no seu tempo: “Haverá um tempo em que o homem terá vergonha de dizer que é honesto”. Esse tempo já chegou? Nós já temos essa vergonha? Nós ainda temos vergonha? Ou ela está sendo substituída apenas pela desconfiança e descredito nos que estão tocando o berrante? Tem jeito. Estamos só na confusão. A dignidade ainda não foi quebrada. Esta é feita de um material que não tem emenda, se quebrada se instala o caos.

No Brasil, todos nós, diantes dos acontecimentos, estamos confusos. Em quem e no que acreditar?. Há mais ou menos uma década não tem havido nenhum investimento em estruturas que garantam o nosso futuro. Nosso patrimônio, construído ao longo dos anos, está sendo vendido. Daqui o pouco, nós pertenceremos aos estrangeiros. Seremos peões sem berrante tomando conta do gado. Nossa Saúde está doente. Nossa segurança está sendo atacada. Nossa educação pedindo socorro. Nossas melhores Empresas quebradas. Nossa liberdade ameaçada. Nossos aposentados que semearam flores nos melhores anos de suas vidas, não as colhem, sobram-lhes os espinhos. Em todos os lugares, dos mais simples aos maiores e até na gigante Sampa , explodem escândalos. Autoridades sendo presas. Todos devemos estar e estamos confusos. Quem não o estiver não estará pensando claramente. A quem interessa o povo maltratado? Estamos vivendo o sonho que transmite o discurso e engolindo a realidade atravessada.

Nos agarremos, então, a nossa dignidade. Está ainda não foi quebrada. Honremos nosso passado de bravos guerreiros. Afinal, somos ou não somos brasileiros? Esta é ou não é a nossa casa? Ela será sempre nossa Pátria. Somos ou não somos? Latino - americanos, mestiços raçudos, com sangue nas veias. Capazes de tomarmos o berrante em nossas mãos. Soprá-lo suavemente e levarmos nossas famílias em caminhada tranqüila, segura e feliz.

Estamos vivendo 500 e mais alguns anos de ocupação e exploração. Temos o que comemorar? Sim, temos o orgulho de sermos brasileiros. Os berrantes já nos levaram em diversas direções. Porém, os brasileiros realmente brasileiros, que amamos a nossa “Terra Adorada”, caminhamos mas não nos dobramos, por índole, a um vento qualquer e numa situação passageira. Contudo, jamais nos quebraremos. Ainda somos madeira de lei de coração mole que nos emocionamos ao vermos o “Pendão da Esperança”, o verde e amarelo, “Símbolo augusto da Paz”.

Manuel Oliveira

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 01/06/2007
Código do texto: T510185