O gosto do sorriso

Tarde de verão. Sons do Nordeste. Pessoa humilde. José não sabe os rumos que toma a política no Brasil. Conhece o nome e os sons dos pássaros. Com o pensamento de que logo vai poder plantar seu roçado, pula a cerca. Depois olha a vereda por onde deve ir para casa.

Em 1985, mais jovem e esperançoso, fora para São Paulo – ganhara o suficiente para voltar e comprar um pedaço de terra.

José gosta de dizer que “um homem tem saber o que quer”; ser um lavrador é ter a alma de sertanejo, e um logo se aprende quando vai chover.

Hum, vai ter um pé d’água para a noite.

De cima do morro avista a casa.

Pensa na família.

Ser um bom pai sempre foi a coisa que mais ansiou.

Sorri.

Ô menina linda a minha!

Só de pegá-la no colo passava o cansaço do fim do dia.

Também adora o feijão da esposa.

Pensa, então, na mesa posta na cozinha.

Mas antes olha para o nascente

Pelo gosto dos sinais da chuva.

Sentir a água molhando a terra o que mais quer.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 20/01/2015
Código do texto: T5108234
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