O PAÍS QUE EU AMO
O país que eu amo é ainda um jovem. Mas não é um jovem qualquer. Tem porte de adulto, olhar aberto para o mar, uma vasta cabeleira verde - outrora mais densa - que se esparrama por largos e fortes ombros acostumados a sustentar pesos que lhe impõem impiedosamente. Educado desde pequenino a obedecer sem reclamar, cresceu tímido diante da autoridade implacável que o inibe a desenvolver-se e a dizer com a imensa força que tem adormecida em seu coração complacente.
Muitas vezes já tentou mostrar que não é mais uma criança. Que o futuro chegou há muito. Que tem potencialidades, 200 milhões de amigos e uma vontade enorme de vencer.
Em vão seus gritos ecoaram pelas imensas planícies que o acolhem. Quedaram-se ante a força de tramas e conchavos intrincados cuja chave está guardada por outras sete chaves!
O país que eu amo quer desesperadamente mostrar que cresceu e que pode andar com suas próprias pernas, sem a ajuda dissimulada de pseudos cuidadores.
O país que eu amo quer viver com dignidade, com trabalho, com educação, com moradia, com alegria e arte!
O país que eu amo quer mostrar como realmente canta o sabiá e como nossos bosques são mais vivos e coloridos.
O país que eu amo quer respirar dos ares que varrem suas amplidões e ondulam as águas de seus rios caudalosos.
O país que eu amo quer proclamar ideias, compartilhar evolução, dividir na exata medida obrigações e deveres, punir erros, fazer justiça, orgulhar-se de sua história.
O país que eu amo precisa retomar a construção da sua caminhada, interrompida por um lapso da própria história, num momento de tomadas de decisões equivocadas, fazendo-o pagar caro por uma conta que não é dele!
O país que eu amo precisa reunir forças para libertar-se, caso contrário, envelhecerá antes do tempo e só lhe restará a nostalgia do sonho.
O país que eu amo precisa encontrar a saída desse labirinto, seja pela esperteza do fio de Ariadne, seja pela lenta, mas efetiva, conscientização de que o tempo urge e de que a vida não desculpa os inertes. Antes, ela só oferece os louros a quem luta contra os inimigos e os tomba definitivamente impotentes.
Retirando as metáforas, é a verdade do momento!
Brasil, o país que eu amo!