JOSELITO E A PROCISSÃO

A mãe dizia: "meninos botem camisa limpa e lavem bem os pés, pois logo, logo o cortejo vai passar. Os meninos corriam até suas casas para em seguida voltarem limpos e asseados. Joselito também atendendo a ordem da mãe coloca sua camisa branca, recém ganhada da madrinha. Com os pés lavados, coloca os chinelos gastos e apressasse para, em frente ao espelho e com uma escova velha, tentar alisar a franja, que insisti em cobrir os olhos azuis do menino, que nesse momento ouve as vozes dos amigos na varanda, já perfilados para participarem daquele que seria o grande acontecimento, que movimentaria o pequeno lugarejo de "Flores Brancas", que naquela noite comemoraria a festa da padroeira, Nossa Senhora de Fátima.

A procissão saindo da Igreja, contornava a pequena praça. Seguindo pelas ruelas onde em frente ao portão das casas, os moradores colocavam um pequeno altar com flores e imagens de santos, ou apenas uma toalha branca na janela. À medida que a procissão seguia mais pessoas juntavam-se ao grupo.

À frente o Padre Leopoldo com sua vestimenta especial puxava as orações seguido por muitos fiéis. Em um andor, quatro paroquianos levavam a Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Tinham na expressão séria uma ponta de orgulho por estarem transportando a Mãe do Salvador.

Tão logo o cortejo se aproxima, Joselito e os amigos, ao comando da mãe, procuram a fila onde estavam os meninos, todos catequizandos da primeira Comunhão. As crianças carregavam luminárias que clareavam as ruas desertas, e silenciosas. Silêncio esse rompido apenas pelos cantos de louvor e hinos. Muitas orações e o terço eram conduzidas por senhoras paroquianas, que cobrindo a cabeça com um véu preto, levavam nas mãos, e próximo ao peito, o rosário que desfiariam, naquele que seria um momento de clemencia e gratidão. Junto a esse grupo estava a mãe do menino Joselito.

O céu estrelado e claro parecia estar a receber todas as vozes que juntas imploravam ..."Santa Maria Mãe de Deus rogai por nós..."