AFEIÇÃO AOS ESTRANHOS, PHILOXÉNIAS (do livro 'O AMOR SEGUNDO OS ROMÂNTICOS)

“O que será que será, que tá dentro da gente e que não devia, que desacata a gente, que é revelia, que é feito uma aguardente que não sacia.” (Chico Buarque)

AMAR QUEM NÃO CONHECEMOS,

AMAR O SER HUMANO APENAS PELA SUA HUMANIDADE,

AMAR SEM ESPERAR A RECOMPENSA,

AMAR EM SI JÁ É O PAGAMENTO.

ENSINO O QUE SOU

(NÃO O QUE PENSO)

Eu queria ter ensinado o perdão,

- eu ensinei a exigência.

Queria ter ensinado a compreensão,

- eu ensinei a cobrança.

Queria ter deixado uma lição de humanidade,

- eu deixei uma lição de que o trabalho é mais importante.

Desejei, do fundo coração,

- ter deixado um exemplo de aceitação da diferença,

- deixei um exemplo de desconfiança.

Sou guiado pelos instintos cegos e puros.

AO DIZER O QUE EU PENSO, EU ME EXPONHO.

Expor-me, causa-me dor.

- dor de ser descoberto nas minhas fraquezas.

Expor-me causa-me ansiedade em ser mal compreendido.

Ao dizer o que eu sinto, eu me fragmento.

Dou de mim, multiplico-me.

Será que há uma só maneira de eu ser compreendido?

A compreensão que eu posso fazer de mim é quase impossível.

Revelo-me nas palavras,

O que eu não consigo revelar nem nos gestos nem nos atos.

Ao dizer o que a minha natureza me induz,

Eu me liberto de mim (e me prendo no outro).

Sou guiado pelos instintos cegos e puros.

Não tenho forças para domá-los,

Nem sabedoria suficiente para administrá-los.

Ao dizer o que eu sou, eu me transformo!