Tenório Cavalcante.

Já faz tempo que li o livro de Israel Belch; Capa Preta e Lurdinha. Que retrata a saga de Natalício Tenório Cavalcante de Albuquerque. Um mito da política da cidade de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Foi através da violência urbana, que Tenório impôs pelas armas, principalmente com a metralhadora inseparável, apelidada de “Lurdinha”, sempre escondida debaixo de sua capa preta. Tenório Cavalcante virou livro e filmes.

Mesmo no auge do seu poder político e matador temido, os produtores dos filmes chanchadas não perderam a oportunidade e produziram “Carnaval em Caxias”, com José Lewgoy no papel de Honório Boa Morte, inspirado em Tenório..

Tenório tornara-se justiceiro combatendo os grileiros urbano e a polícia cooptada pela influência dos poderosos.

Um jornalista, num arroubo exacerbado escreveu: “Tenório ouve o gemido do povo. É confidente dos aflitos. Médico das almas.”

Carlos Heitor Cony escreveu na época: “Mefistófeles em versão medieval, que acabou sendo a arte-final da imagem popular do próprio demônio.”

Chamar Tenório Cavalcante de demagogo seria uma avaliação precipitada, quando para defender desvalidos, tomava e dava tiros. Arriscava morrer em meio a tiroteios. No mínimo poderíamos colocá-lo no panteão dos heróis, mesmo porque em sua época havia os resquícios do carrancismo.

Longe de mim fazer apologia a violência, minha avaliação é muito mais didática na história política deste País do que qualquer outro pensamento ideológico ou filosófico.” Sou um simples escriba”. Se isso acontecia a poucos quilômetros do Palácio do Catete, imaginemos-nos lá pelos cafundós deste imenso Brasil.

Alguém, de visão perspicaz, escreveu: “triste é o País que precisa de heróis.” Nestes 515 anos de Brasil, se só tivéssemos governantes sérios na distribuição de renda, terras e combatesse com persistência a corrupção, com certeza estaríamos inseridos no primeiro mundo. Não precisaríamos de heróis e mártires.

Ainda resta esperança. A gente sente que o atual governo é radicalmente bem intencionado, apesar das eminentes dificuldades com os fisiologistas e os corruptos.

Selecionei algumas frases de Tenório Cavalcante:

"Minha filosofia não é barata. É de graça.

Se você esconde o que tem de pior, esse é o pior de você.

Existe coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras coisas, existe o calote.

Se Deus fosse brasileiro, aceitaria o meu suborno.

Do amor ao ódio em apenas três segundos. Sou atleta da emoção.

Se a carapuça não te serviu, me avise que eu troco.

A loucura é a ciência do absurdo.

O homem em paz, consegue vencer qualquer guerra.

O grito da dor alheia é sempre um exagero."

Lair Estanislau Alves.