Aquiles

Conseguiram. Derreteram o pedaço de gelo, partiram o ferro e cortaram um forte papel em mil pedacinhos. Atingiram o calcanhar de Aquiles. Destruíram e há gosto de sangue na boca. Arrancaram os pontos antes que a ferida se cicatrizasse, e mexeram nela só para aumentar a dor. Ninguém é feliz o tempo todo. Mas, o que fizeram com ela? Ela era quase inatingível, quase intocável. O que se tornou?! Cacos! Nada mais que cacos jogados sobre o chão da sala de estar. Cacos que cortam, ferem. Não está dando pra colar. Tem algo errado. Alguém poderia dar uma luz? Ou quem sabe ser a luz... A cola. Qualquer coisa que alivie, que limpe a respiração e tire o gosto de sangue da boca. Ou até mesmo alguém com uma vassoura pra varrer os cacos espalhados. Posso ouvir um gélido grito no fundo de um lugar qualquer. Um grito de medo, de dor. Alivie. Alivie! Traga a paz. Paz!

O calcanhar não foi protegido. Aquiles está no chão. No chão, esperando que alguém o coloque de pé. Ora essa, vamos lá Aquiles. Ponha-se de pé. Davi matou um gigante e você caído aí. Ninguém vai te levantar. Você está na guerra. Ou permite que te matem, ou luta pra ficar de pé.

Amanda K Abreu
Enviado por Amanda K Abreu em 18/02/2015
Código do texto: T5141948
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