Hoje é Dia de Kepher

A meditação em Kepher faz cócegas na nossa alma; tentem lembrar daquela piada que te fez rir sem parar ou daquele momento na sua vida ( talvez numa viagem ou quando fomos beijados pela primeira vez) que não conseguimos pensar, mas apenas sentir; sentir uma alegria imensurável de viver, de aproveitar a vida e de sorrir ao contemplar as coisas mais simples. Bem-vindos a primeira sephirat ou a última - bem-vindos ao Olhar Divino e ao Reino das Crianças.

Kepher é a fonte de onde tudo emana; Kepher é o não atingível pela palavra e pelo intelecto e ainda assim, de fácil acesso para as crianças. É Matnis - sentir para saber.

Kepher é o menino Jesus do conto de Fernando Pessoa; é Krishna o moleque azul se lambuzando com a manteiga e sendo reprimido por sua mãe que ao olhar toda aquela bagunça e pedir para ele abrir a boca para retirar o excesso de manteiga, percebe que dentro da boca do seu filho, há um céu de estrelas - simbologia para o Samadhi ( integração com o todo); o nirvana dos budistas e o céu das religiões monoteistas. Kepher são os erês das religiões afros que invadem os terreiros trazendo alegria; os Kerubins soltando flechas de amor para despertar a consciência. Kepher é o o guri que é o guru da nossa alma. É a promessa de Jesus que só chega até Ele, as criancinhas.

Kepher é a boa inocência e a brincadeira de aprender. Kepher é brincadeira divina - LiLa - Brahman peralta transformando Maya em prayground. Kepher é termos a coragem de achar graça na adversidade e nessa graça, acharmos força pra levantar e voltar a brincar.

Kepher é o palhacinho trapalhão; é tudo isso e mais um tanto. Kepher é ...xiiii, esqueci!

" Num meio dia de fim de primavera

Tive um sonho como uma fotografia

Vi Jesus Cristo descer à terra,

Veio pela encosta de um monte

Tornado outra vez menino,

A correr e a rolar-se pela erva

E a arrancar flores para as deitar fora

E a rir de modo a ouvir-se de longe...

...Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.

Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.

Ele é o humano que é natural,

Ele é o divino que sorri e que brinca.

E por isso é que eu sei com toda a certeza

Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina

É esta minha quotidiana vida de poeta,

E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,

E que o meu mínimo olhar

Me enche de sensação,

E o mais pequeno som, seja do que for,

Parece falar comigo"

Fernando Pessoa

(Alberto Caeiro)

" O guardador de rebanhos - VIII