O BEATO HEITORZINHO

O SANTO HEITOR

HEITORZINHO, NO CARINHO DO POVO

Prende-me ao santo uma ténue referência de meu avô sobre o parentesco da nossa família com a do santo. O grau do parentesco e o ramo de tal afinidade nunca cheguei a saber, talvez porque meu avô médico, republicano, laico e com mais fé na ciência do que na religião, olhasse o parente como um débil, na sua visão de aderente a uma moderna filosofia positiva, onde a mística atitude do ser humano seria uma fraqueza. Sendo uma força de poder sobrenatural escapava ao entendimento e à consideração de meu avô.

Esse facto levou-me já a Loureiro, terra do celebrado, numa aproximação às gentes e ao meio onde foi consagrado e consagrou a vida ao povo humilde e pobre e se fez um deles.

Tento alcançar entendimento desse estado superior do género humano que é a santidade em viagem de busca simultânea ao meu próprio interior, religando laços possíveis de herança genética e atmosfera criadora.

A santidade de Heitor não se fez sem martírio que foi a rejeição por parte da família, vencida mais tarde pelas armas puras de um ser bom, de um ser santo, eleito ao plano superior da beatitude.

Procuro em mim traços dessa via qual escada de Jacób erguendo-se ao divino, mas acho apenas a minha racional e laica condição e atitude arrastadas no entanto ao santuário pela força imanente desse polo de peregrinação.

Peregrino então com íntimo desejo de crer para além da pura razão ou de pela razão chegar á divindade.

Não foi este o caminho de Heitor. Trilhou com fé um ditado divino, o amor ao próximo que sofre, um amor de abandono, um amor transcendente, um amor a Deus fonte e berço da sua santidade. Heitor compreendeu Deus, sentiu-o e cumpriu esse sentido - fez-se alma divina em corpo humano. A intensidade do amor aos homens seus irmãos brilhou tão viva na sua breve vida que se não apagou até hoje, e prossegue iluminando e confortando almas carentes a quem concede a graça da sua luz divina, suave balsamo de almas sofridas mas gratas.

Não pude entrar na capelinha erguida em sua honra, mas o local e a atmosfera que a rodeia inspira uma serenidade doce e uma paz que se infiltra na alma e a predispõe à oração, que Heitor praticou e escuta agora no seu posto celeste junto a Deus.