A IMPORTÂNCIA DE SE FALAR A VERDADE E DE CONSERVAR AMIZADES...

Durante toda minha vida, sobretudo, a partir do momento, na minha adolescência, em que passei a enxergar melhor o mundo onde vivemos, eu procurei, desde então, assumir uma posição bem definida em relação aos meus verdadeiros sentimentos, quaisquer que sejam. E mesmo encarando algumas pequenas adversidades ou, inconsequentemente, cedendo a certas tentações (que nunca me levaram a lugar nenhum), ainda assim busquei sempre ser honesto comigo mesmo, controlando o meu egoísmo e, acima de tudo, levando uma vida relativamente condicionada e voltada para o bem. O altruísmo é uma das minhas principais virtudes.

Baseada no princípio (quase) inalterável de falar sempre a verdade e, necessariamente, de evitar mentiras (pelo menos à toa), essa foi, portanto, a forma ideal de viver que um dia escolhi para minha vida. E também a qual procuraria recomendar para todos aqueles que, sob nenhuma hipótese, esperam conviver com arrependimentos posteriores, amarguras e até mesmo depressões. Do mesmo modo talvez, que eu já não conseguiria suportar por muito tempo as pressões e agitos do dia-a-dia, as preocupações mais banais do cotidiano ou, para meu desespero, qualquer forma de pendência, seja ela qual for. Como dissera no início, EU QUERO TER UMA VIDA SEM COMPROMISSOS!

O que posso resolver agora nunca deixo para depois. A pontualidade, o cumprimento à risca dos deveres, a palavra amiga e confiável, mesmo que pareça algo contraditório à minha pessoa, ao meu jeito de proceder com as coisas, é algo que defendo como bandeira de luta. Mas nem por isso eu saio por aí fazendo “propaganda” do meu caráter. Permitirei sempre que outros me julguem, de toda maneira possível, e nem por isso demonstrarei rancor (Mas, por favor, logo em seguida, revelem-me o veredicto).

Há pessoas que, infelizmente, conseguem a proeza de mentir mais do que propriamente respirar, e isso, para mim, chega a ser algo repugnante. Sinceramente, eu não consigo permanecer por muito tempo próximo de uma criatura dessas. Não compactuo jamais com pessoas ditas mesquinhas, egoístas (o meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar – RAUL SEIXAS) e, principalmente, mentirosas compulsivas. Acredito que até para falar inverdades deva haver um limite permitido, ou então alguém, logo logo, vai perder o senso e a razão (se é que algum dia os tiveram). Acho que eu não me daria muito bem na política...

Assim como nas palavras da bíblia (foi inevitável a comparação), asseguro com plena convicção que nunca haverá contradições em nada do que eu disser, pois tudo é uma questão de bom senso e até de inteligência da minha parte. Aquele que mente uma vez, por tabela, terá sempre que bolar uma segunda mentira pra justificar a primeira, transformando, por vezes, uma atitude impensada numa espécie de bola de neve que, à medida que cresce avalanche abaixo, já não consegue mais parar.

Sei que não sou nenhum caso raro de bondade, tampouco a perfeição em forma de ser humano (não tenho vocação e nem a pretensão de ser um santo), mas, com certeza, há coisas no dia a dia que eu posso facilmente escolher melhor ou, simplesmente, tentar fazer bem feito. Jamais vou optar pelo erro enquanto puder fazer aquilo que for realmente o certo. E isto serve para qualquer coisa nesta vida, sob quaisquer circunstâncias.

Por sinal, fazer a coisa certa gera confiança, e confiança é a base de toda e qualquer amizade. Costumo dizer, inclusive, que confiança é que nem virgindade; só se perde uma vez (num segundo conceito que tenho sobre virgindade). A falsidade e a mentira, definitivamente, não contribuem em nada numa relação entre amigos, e muito menos na preservação desta amizade. “Melhor um inimigo declarado do que um falso amigo”.

Em todos os lugares por onde passo eu procuro fazer amigos, sem distinção de raça, credo ou nível social. Não tenho colegas, aliás, recuso-me em tê-los. Não gosto de nada assim, tão superficial. Para mim, somente uma amizade verdadeira, forte e duradoura é que gera frutos, oferecendo sempre o que se tem de melhor. Mas, principalmente, sem exigir condições ou cobranças, e nunca se esperando nada em troca.

Como diria o Padre Zezinho SCJ, “um sentimento forte, mais forte que a morte, nos faz ser amigos no riso e na dor”. Gabriel, O Pensador, também dá a sua contribuição: “os amigos são o que temos de máximo valor... desgraçado é o coitado que não tem amigos, porque é metido ou mesquinho”. A amizade é tudo aquilo que temos de melhor e que podemos conservar nesta vida (lembrando um acróstico que fiz sobre AMIZADE).

Segundo um velho ditado popular, é melhor um amigo na praça do que dinheiro na caixa. Se bem que há “amigos” que podemos compará-los com o sol; só aparecem nos dias bonitos... oportunistas, não passam disto. Enfim, um viva ao dia 20 de julho, efeméride que corresponde ao dia do amigo.

Quero acrescentar ainda que eu não costumo respeitar ou considerar uma pessoa apenas e tão somente pelos bens que ela possui (bajulação), mas sim, por sua humildade, simplicidade e, acima de tudo, por seu caráter. As virtudes, tão fora de “moda” atualmente, é que indicam o verdadeiro valor de um ser humano, ou, pelo menos, acredito que deveria ser assim.

Vivemos em uma era de extrema incerteza, onde a maldade e o medo imperam absolutos. O predomínio indiscriminado de situações propícias ao mal, propagadas por indivíduos comuns no dia a dia, culmina por induzi-los automaticamente ao erro coletivo, à distorção imediata dos fatos. Uma vez aceitas, tais circunstâncias são vistas agora como “padrões normais da atualidade”, gerando aquilo que eu chamo de inversão de valores.

Entram aqui, portanto, questões acerca daquilo que é ilegal ou apenas imoral aos olhos do senso comum, conceitos e valores que praticamente se perderam no decorrer dos tempos. Convém assinalar que, do ponto de vista racional (e especialmente, econômico) é bem mais viável, por exemplo, adquirir um CD “pirata” por R$ 1,00 do que vir a pagar R$ 20,00 por um original (e ainda correndo o risco de ser taxado de “metido” ao comprar um produto de qualidade). Agindo assim, isso induz qualquer um a crer que o errado é o correto, e que ser honesto nos dias de hoje, buscando fazer o que é sensato, é ser apenas mais um “otário” nessa vida, tudo necessariamente nesta ordem. Muitas das ações que praticamos agora têm apoio e um aval igualmente arbitrário, um “consenso” quase geral. E as desculpas são várias.

Somente falando de um tema tão profundo e diretamente ligado a mim, como a minha infância, os meus amigos, as minhas ideias, enfim, tudo aquilo que me faça reviver um clima de nostalgia e retrospectividade, é que eu pude, mais uma vez, superar as minhas limitações e dificuldades no que se refere ao meu problema de TOC. Um transtorno aparentemente inofensivo, mas que me atrapalha no meu dia a dia e até me impede de ir mais além nas minhas “convicções e propostas literárias”.

Como sofri, diga-se de passagem, para poder concluir estas minhas memórias. Além da dificuldade natural típica de um “leigo” na busca pelo conteúdo (como já dissera aqui, a única fonte consultada/pesquisada foi a minha própria memória. Logo, minha principal referência), com o objetivo de analisar, comparar e fazer também uma diagramação básica do material, procurando expressar-se sempre da melhor maneira possível, ainda ter que compartilhar um tormento, um “karma” que é difícil até de explicar. No entanto, alguns efeitos do TOC são realmente devastadores, mentalmente perturbadores, chegando a beirar aquilo que entendemos por loucura.

Enfim, eu diria que toda experiência ainda é pouca para tentar compreender a complexidade e, ao mesmo tempo, a simplicidade desta vida.

“Pode-se afirmar que o eterno mistério do mundo é sua

compreensibilidade." (Albert Einsten)

TEXTO EXTRAÍDO DO MEU LIVRO DE MEMÓRIAS (projeto), 2009