DEUS É UMA CRIAÇÃO HUMANA?

DEUS É UMA CRIAÇÃO HUMANA?

"Essa é a minha imagem verdadeira. Eu só preciso reconhecer e acreditar nessa verdade, manifestando-a em meus atos, pensamentos e palavras. Não é para os outros que eu preciso provar isso, é para mim mesmo. Eu preciso acordar o gigante que dorme em mim. O autoconhecimento vai nos colocar em contato com aquilo que temos de melhor. Vai nos fazer recordar que somos pessoas valorosas, isto é, pessoas têm um valor natural simplesmente porque somos filhos de Deus e, portanto, dotados de todas as capacidades inerentes à nossa filiação divina. Eu sou uma pessoa capaz, talentosa e inteligente porque Deus me fez assim". (José Carlos De Lucca).

A revista Filosofia traz em seu bojo uma matéria por demais confusa e complicada, principalmente para religiosos cristãos, visto que na titularização p. 63, na forma de uma salada de cores, isto é, azul e vinho, diz o seguinte: "A Morte de Deus e o filho do Humano". A referida mídia escrita tem o número 103, ano VIII, da editora escala. A reportagem de capa assinala que "A morte de Deus" - Aquele que daria sentido à vida, cada vez mais desmascarado pela Ciência. Em Jurgen Habermas e Hans Jonas. (Grifo nosso). Pela titularização do citado artigo se a "Morte de Deus" aconteceu como os dois filósofos afirmam, Ele existiu. Resta-nos saber quem os teria matado. Teria sido Habermas ou Hans Jonas?

Um dos mais importantes filósofos alemães do século XX nasceu em Gummersbach, a 18 de Junho de 1929. Fez cursos de filosofia, história e literatura, interessou-se pela psicologia e economia (Universidades de Gotingen- com Nicolai Harttman-, de Zurique e de Bona). Em 1954 doutorou-se em filosofia na universidade de Bona. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de Investigação Social de Frankfurt am Main (1956-1959). Em 1961 obtém licença para ensinar (Universidade de Marburg) e, em seguida, é nomeado professor extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961-1964), onde ensinava Hans Geor Gadamer.

Foi nomeado depois professor titular de filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964-1971). Desde 1971 é codiretor do Instituto Max Plank para a Investigação das Condições de Vida do Mundo Técnico-Científico, em Starnberg. Habermas foi durante os anos 60 um dos principais teóricos e depois crítico do movimento estudantil. É considerado um dos últimos representantes da escola de Frankfurt. Apesar da enorme complexidade do pensamento de Habermas, é possível descobrir algumas constantes: 1. Ao longo da sua vastíssima obra, tem procurado de criar uma teoria crítica social assente numa teoria da sociedade. Assumindo-se como um dos defensores da modernidade, procura igualmente criar uma teoria da razão que inclua teoria e prática, o mesmo é dizer, uma teoria que seja ao mesmo tempo justificativa e explicativa. 3. A noção de interesse é nuclear no seu pensamento.

Habermas parte do pressuposto que todo o conhecimento é induzido ou dirigido por interesses. Mas ao contrário das Karl Marx não o reduz o conhecimento à esfera da produção, onde seria convertido em ideologia. Nem reduz os conflitos de interesses à luta de classes. A sua noção de interesse é muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a humanidade enfrenta e a que tem que dar resposta. Os interesses são estruturados por processos de aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto que Habermas afirma o princípio da racionalidade dos interesses.

Distingue três grandes tipos de interesses, segundo uma hierarquia algo peculiar: a) técnicos; b) comunicativos; c) emancipatórios. Os interesses técnicos surgem do desejo de domínio e controlo da natureza. Trata-se de interesses técnicos na medida em que a tecnologia se apoia ou está ligada à ciência. Todo o conhecimento científico enquadra-se nesta esfera de interesses. (Grifo nosso). Os interesses comunicativos levam os membros duma sociedade a entenderem-se (e às vezes a não entenderem-se) com outros membros da mesma da mesma comunidade, o que origina entendimentos e desentendimentos entre as várias comunidades. Nesta esfera de interesses estão as chamadas ciências do espírito (ciências humanísticas, culturais, etc).

Os interesses emancipatórios ou libertadores estão ligados à auto-reflexão que permite estabelecer modos de comunicação entre os homens tornando razoáveis as suas interpretações. Estes interesses estão ligados à reflexão, às ciências críticas (teorias sociais), e pelo menos em parte, ao pensamento filosófico. Esta autorreflexão pode converter-se numa ciência, como ocorre com a psicanálise e a crítica das ideologias, mas uma ciência que é capaz transformar as outras ciências. O interesse emancipatório resulta de ser um interesse justificador, explicativo enquanto justificador. 4. A auto-reflexão individual é inseparável da educação social, e ambas são aspectos de emancipação social e humana. As decisões (práticas) são encaradas como atos racionais, onde não é possível separar a teoria da prática.

5. Todo o seu pensamento aponta, assim, para uma autorreflexão da espécie humana, cuja história natural nos vai dando conta dos níveis de racionalidade que a mesma atinge. (Fonte: http://afilosofia.no.sapo.pt/). A morte de Deus, mesmo que metafórica, significa fatalidade. Nessa expressão o responsável pela edição da matéria, Alexandre Quaresma embolou o meio do campo. A sinonímia de metafórica está relacionada à palavra metáfora. Derivada do grego metaphorikós tem como adjetivo aquilo que se incluem metáforas, sentido figurado e tropológico (Do grego tropología, 'linguagem figurada'). Linguagem figurada. Tratado acerca dos tropos. (Tropo que consiste na transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado; translação. Por metáfora, chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude primavera da vida).

Jamais podemos nos referir a Deus tendo como sentido uma metáfora, algo figurado ou tropológico. O autor falava da laicidade brasileira e afirma que "Deus é uma criação humana e não o contrário como se costuma acreditar". Uma invenção humana engenhosa e útil, cuja responsabilidade de conceber, significar e crer é única e exclusivamente humana. Se a invenção é engenhosa e útil forma sem dúvida um tsunami na crença das pessoas e não cabia a um ateu se pronunciar dessa maneira. Continua a sua narrativa: "Deus ou deuses são necessários para que o vivente se sinta amparado em meio às adversidades que compõem a paradoxal condição de toda a existência". Prezado senhor nós vivemos na Terra, (na Via Láctea) planeta habitado entre milhares de astros e aproximadamente 200 milhões de galáxias iguais a nossa.

Será que tudo isso teria vindo do nada? Impossível! Divindade não se contesta e de forma desprovida de estudos que não tem bases somente por achismos. Deus nasce exatamente da impotência, da incompreensão, da vulnerabilidade, da dor, do medo, da tragédia existencial, da inaptidão do ser humano para entender o todo, dos horrores brutais das lutas evolucionárias entre as espécies das doenças, da velhice e, principalmente diante da morte, essa alteridade máxima, primeva, fatal, à qual todo ser vivente tem que enfrentar e se submeter. Isso que afirmas prezado escritor são fases da vida, pois tudo se transforma. Veja a metamorfose da borboleta.

Deus a inteligência suprema causa primeira de todas as coisas essa é a questão. O ser humano é um ser imperfeito criado simples e "ignorante", mas dotado de um corpo espiritual, perispírito, corpo bio-plasmático como Inúmeros cientistas têm comprovado. Poderíamos citar inúmeros nomes de cientistas famosos que chegaram a essa conclusão, mas me nos parece que seria perda de tempo, pois sua incredulidade é gigantesca. Segundo Will Goya afirma: "Por que Hans Jonas poder ser considerado um clássico na filosofia contemporânea"? Todas as éticas clássicas: antigas, modernas e contemporâneas até o momento da publicação de O Princípio Responsabilidade não lidavam diretamente com os seres futuros quanto à possibilidade de termos responsabilidades e deveres para com eles; apenas com aqueles que já existem (proximidade no tempo, embora não no espaço) Com Jonas inicia-se uma nova perspectiva quanto aos seres futuros exigirem eticamente compromisso daqueles que os gerarão - mesmo que ainda não tenham sido gerados.

"Jonas coloca, portanto uma questão antes em aberto, qual seja: não haveríamos de nos preocupar com quem realmente ainda não existia e quiçá poderia nem vir a existir. Contudo, Jonas assevera que não é bem assim, pois o futuro não pode ficar refém de atos irresponsáveis para aqueles que eventualmente venham a nascer tornando-o inviável para esses futuros (eventuais) seres". "Em uma abordagem tout court é basicamente isso que torna o filósofo alemão um clássico contemporâneo: o ineditismo de suas reflexões sobre os seres futuros e a nossa responsabilidade para com eles". Hans Jonas nasceu em 1903, em Möchengladbach, Alemanha. Estudou filosofia e teologia em Freiburg, Berlim e Heidelberg. Foi aluno de Martin Heidegger (considerado por muitos o maior filósofo da Alemanha no século XX, apesar de sua adesão ao nazismo por 10 meses) e de Rudolf Bultmann (um dos mais célebres teólogos reformistas alemães). No período o qual Hitler ascendeu ao poder, Jonas fugiu para Inglaterra, foi membro do exército britânico, e depois Palestina.

Mudou-se finalmente para New York (EUA) onde viveu até sua morte em 1993. Influenciado pela analítica existencial de Heidegger, pela fenomenologia de Husserl, pela leitura cristã, crítica das perspectivas éticas clássicas e modernas, de Bultmann e pelos horrores dos campos de concentração nazista, concentrou-se em construir uma teoria ética que fizesse frente à perene possibilidade de a humanidade destruir-se utilizando o enorme avanço tecnológico contemporâneo. Em 1979 publica o que se tornaria sua obra magna: O Princípio Responsabilidade: ensaio para uma ética da civilização tecnológica (1). A época a qual Jonas viveu ajuda-nos a compreender o porquê da busca por uma ética da vida futura e o porquê de tantos pensadores e pensadores terem se esforçado para construírem perspectivas teóricas que nos ajudassem a compreender o que deu errado com os ideais do Iluminismo.

O período da ascensão do nazismo na Europa, em especial Áustria e Alemanha, tornou-se o contraponto contemporâneo ao Iluminismo dos séculos XVII, XVIII e XIX. A Época das Luzes fez surgir o ideal da superação das guerras, das superstições, das intolerâncias, da submissão aos dogmas, da escravidão e dos direitos individuais civis. Mas o projeto iluminista enfrentou toda uma série de fatores históricos contrários: a reação romântica, guerras, perseguições religiosas, manutenção da rota do tráfego internacional de escravos por países como o Brasil (o qual assumiu todas as rotas da Inglaterra quando essa abandonou o tráfego de escravos a partir de 1809). (Fonte: www.filosofia.com.br/). A ectogênese é o desenvolvimento fora do corpo, especialmente desenvolvimento de um embrião de mamífero num ambiente artificial. Esse processo só acontece se existirem espermatozoide e óvulos.

É o avanço da ciência humano que é coisa muito natural. O surgimento de um humano-pós-humano traz uma complexidade de conjunturas e injunções que podem modificar radicalmente o mundo que conhecemos. Expressão muito natural, visto que essa mudança vem se processando com o passar do tempo, desde o homem "macaco" ou primitivo até o homem atual, o Homo sapiens. A evolução humana é a origem e a evolução do (Homo sapiens) como espécie distinta de outros hominídeos, dos grandes macacos e mamíferos placentários. O estudo da evolução humana engloba muitas disciplinas científicas, incluindo a antropologia física, primatologia, a arqueologia, linguística e genética. O termo "humano" no contexto da evolução humana refere-se ao gênero Homo, mas os estudos da evolução humana usualmente incluem outros hominídeos, como os australopitecos. O gênero Homo se afastou dos Australopitecos entre 2,3 e 2,4 milhões de anos na África Os cientistas estimam que os seres humanos ramificaram-se de seu ancestral comum com os chimpanzés - o único outro hominins vivo - entre 5 e 7 milhões anos atrás.

Diversas espécies de Homo evoluíram e agora estão extintas. Estas incluem o Homo erectus, que habitou a Ásia, e o Homo neanderthalensis, que habitou a Europa. O Homo sapiens arcaico evoluiu entre 400.000 e 250.000 anos atrás. A opinião dominante entre os cientistas sobre a origem dos humanos anatomicamente modernos é a "Hipótese da origem única" que argumenta que o Homo sapiens surgiu na África e migrou para fora do continente em torno 50-100,000 anos atrás, substituindo as populações de H. erectus na Ásia e de H. neanderthalensis na Europa. Já os cientistas que apoiam a "Hipótese multirregional" argumentam que o Homo sapiens evoluiu em regiões geograficamente separadas. É bom frisar para os filósofos que mataram Deus que antes de fazerem certos comentários considerados absurdos deveriam consultar a ciência da Espiritualidade, que se não existir estamos criando agora.

Seria de bom alvitre que os curiosos em filosofia, sociologia, psicologia, ciência e religião lessem com bastante atenção as conotações do escritor ateu Alexandre Quaresma. Nietzsche diz: "Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinado a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades". "De uma vez por todas, não quero saber muitas coisas". - A sabedoria também traz consigo os limites do conhecimento."

"Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca de comodidade temporal. "Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo." Entende-se por cristão comum aquele que não é dotado de fé. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE E JORNALISTA PROFISSIONAL.

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 05/03/2015
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