O Povo é Gado indo pro Matadouro.

O povo é gado caminhando para o abatedouro.

Jorge Linhaça

Enquanto o agronegócio derruba florestas e degrada nascentes;

Enquanto as indústrias poluem os rios e aterram lagoas;

Enquanto os governantes loteiam os recursos naturais entre seus patrocinadores;

Enquanto os acionistas das companhias de água e luz enchem os bolsos, sem nada investir;

Quem paga as contas dessa má gestão é o povo, gado humano sem vontade própria que segue o berrante do ponteiro e é tangido pelos culatreiros rumando para os seus currais eleitorais.

Esse povo que desconhece a própria força, qual as boiadas levadas para os frigoríficos da vida.

Esse povo que caminha iludido, crendo que o faz com as próprias pernas, mas que nada mais é do que uma massa de manobra disforme, incapaz de pensar com coerência e que não percebe que sexo, drogas ( lícitas e/ou ilícitas) e música, no que consideram uma “balada perfeita”, não passa de uma marcha fúnebre para os seus sonhos e suas realizações.

Esse povo, refém do imobilismo, ou das mobilizações partidárias, que não sabe pelo que lutar, deixando-se levar pelo “discurso feito” e pelo “senso-comum” e que abre mão dos seus direitos mais básicos enquanto grita palavras de ordem vazias pelas ruas.

Esse mesmo povo que aplaude a paralisação dos caminhoneiros sem se dar conta da violência cometida contra tantos outros profissionais do transporte que não compactuavam com os bloqueios das estradas. Que não se deu conta dos prejuízos causados ao seu próprio bolso, com toneladas de produtos apodrecendo nas carrocerias, que não consegue perceber que os milhares de animais mortos pela falta dos insumos necessários para sua alimentação, fazem os preços subirem no mercado e esvaziam, ainda mais, o seu bolso.

Esse mesmo povo que aceita o aumento de combustíveis para cobrir o rombo causado por meia dúzia de corruptos e corruptores na Petrobras.

Esse povo que vai pagar mais pela energia elétrica, custo extra causado pela falta de chuvas, mas, custo este, que não vai afetar os bolsos dos desmatadores da Amazônia e do centro-oeste.

Mas está tudo ótimo! Enquanto tivermos carnaval, funk e axé , enquanto tivermos cerveja, BBB e futebol, o descaso dos políticos será apenas um debate partidário e não político, que ocupará um papel secundário, terciário ou quartenário nas conversas de botequim.

E sempre haverá quem diga:

Vou me estressar pra quê, se não posso mudar nada mesmo.

E assim morre o povo, vítima de sua própria e auto imposta ignorância.