Respeitável público
Que me perdoem todos os verdadeiros artistas circenses pela metáfora que eu usarei, aprecio muito o trabalho de vocês, mas foi inevitável. É que a fanfarronice institucional rotineira agora deu pra por fogo na tenda com todos nós aqui dentro.
Enquanto os nossos políticos nos entretêm com seus truques de ilusionismo, nós, cidadãos, continuamos fazendo mágica com o pouco que temos, fazendo malabarismos financeiros, porém achamos graça de tudo enquanto tinha amendoim sobrando. Nos transportamos na corda bamba, como balas-humanas nos automóveis e motos, ou trapezistas nos coletivos, onde nos amontoamos como sardinhas a espera de conseguir descer antes do ponto final.
É inegável que estamos num circo, mas nós, do povo, não somos os palhaços, embora nos tratem como tal. Somos o respeitável público.
Infelizmente, colocaram a plateia dentro do Globo da Morte, os poodles adestrados roubaram a féria da bilheteria e fugiram pra Suíca, acabou o amendoim e os elefantes brancos estão ficando nervosos...
É o fim da picada, ou melhor, do picadeiro.