Como brasileiro, tenho vergonha
 
Como brasileiro, tenho vergonha de mim mesmo por hoje ter vestido minha surrada camisa amarela e ido às ruas com a cara pintada, gritando a plenos pulmões “Fora Dilma, Fora PT, Fora corruptos do poder”, como milhões de meus irmãos fizeram por todos os recantos deste Brasil que tanto amo...

Como brasileiro, tenho vergonha de não ter assumido, como tantos milhões o fizeram, com o orgulho de ser acima de tudo brasileiro e abrigado por nossa bandeira verde e amarela que estes malfeitores querem tingir de vermelho, minha condição de “Coxinha”, apelido pejorativo com que estes renegados tratavam os que foram às ruas hoje, depreciando-os, apesar de que, tenho que confessar, não vi nenhum deles o fazendo nesta data, posto que estavam escondidos em suas tocas, atemorizados pela reação dos que eles julgavam ter assustado com suas ameaças de serem escorraçados pelo “exército do Stédile, do MST”.

Como brasileiro, tenho vergonha por não ter engrossado o coro que se ouvia entoar pelas avenidas, gritando por uma “intervenção militar” que certamente não virá, mas que se faz necessária para extirparmos definitivamente este mal que, como sempre covarde, se manteve enclausurado em suas mansões, adquiridas com o nosso dinheiro, roubado em suas transações escusas.

Como brasileiro, tenho vergonha por ver que não resta o mínimo de vergonha na cara de nossos governantes que enviaram bilhões de dólares extraídos de nossos dia-a-dia em impostos escorchantes para socorrer tiranos sanguinários em Cuba, Equador, Argentina, Venezuela e Republiquetas africanas, mascarando-as como “empréstimos secretos” do BNDES, para a construção de ferrovias, portos e aeroportos (coincidentemente todos eles ganhos sem concorrência pela Odebrecht), lá, quando aqui não os temos.

Como brasileiro, tenho vergonha por não ter ido às ruas denunciar as sórdidas tramóias feitas na Petrobras, no B.N.D.E.S., no Banco do Brasil, na Caixa Econômica e em todas as demais instituições brasileiras, infiltradas, solapadas e sucateadas pelos “cumpanheros”.

Como brasileiro, tenho vergonha por não ter ido, também, denunciar esta corrupção que se alastra por todos os níveis das administrações federal, estaduais e municipais, com os conchavos das concorrências direcionadas para obras desnecessárias, das obras maquiadas, das promessas não cumpridas, com a contratação de funcionários fantasmas e/ou desnecessários, simplesmente por pertencerem às camarilhas, com o abandono de nossas cidades, envolvidas por um literal “mar de bosta” por não existirem sistemas de esgoto adequados na maioria das cidades, por nem mesmo existir água suficiente para todos já que os mananciais foram depredados e destruídos por suas omissões ou pela devastação impune da Amazônia.

Como brasileiro, tenho vergonha por este nosso Judiciário corrupto que, contrariando o príncípio constitucional de hegemonia dos três poderes – executivo, legislativo e judiciário – se curva como prostituta em busca de valores para seus bolsos e, mais ainda, aplica aumentos a seus próprios vencimentos, cobrindo-se ainda de inúmeras outras benesses que sabem ilegais e imorais, que endossam o acolhimento no S.T.F. a (maus) elementos que não têm a mínima condição de serem juízes de futebol em campeonatos de terceira divisão e que seus currículos somente têm a ostentar, cínicos, "que são amigos dos sacanas que os indicaram" .

Como brasileiro, tenho vergonha por “TODOS OS PARTIDOS E POLÍTICOS” que, à guisa de oposição ou situação, se locupletam com um número abusivo de integrantes, quer no Senado, quer nas Câmaras Federais, Estaduais e Municipais, endossando as atitudes desses governantes insanos e auto concedendo aumentos salariais e benesses como aposentadorias especiais, atendimentos médicos, cotas de gabinetes, cobertura de despesas inexistentes, auxílios moradias e até passagens para suas mulheres à custa do povo.

Como brasileiro, tenho vergonha pelos miseráveis salários pagos aos professores e médicos, pelo abandono da educação e da saúde da população, pelas cotas com que tentam nos dividir em classes, como se nos resumíssemos a ser brancos ou negros, homo ou heterossexuais, pobres ou ricos, nordestinos ou sulinos, olvidando-se que somos, todos, acima de tudo, brasileiros.

Como brasileiro, tenho vergonha por não ter ido às ruas hoje, apesar de que até mesmo o fui e não encontrei ninguém nesta pequena cidade do Espírito Santo onde nasci, onde vivo e que tanto amo que segurasse o outro lado da faixa que levei comigo e que voltou enrolada sob meus braços, cabisbaixo, com a tinta verde e amarela de minha face borrada por lágrimas.

Como brasileiro, tenho profundo orgulho por cada um desses milhões de brasileiros que foram às ruas de nossas outras cidades e deram o recado que ficou contido dentro de meu peito e que será gritado um dia, espero que antes de minha morte: “Fora Dilma, Fora PT, Fora corruptos do poder”...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 15/03/2015
Reeditado em 16/03/2015
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