QUEM SÃO ESSES QUE CLAMAM TANTO CONTRA A CORRUPÇÃO?

Um pobre trabalhador caminhava pela calçada em um centro urbano. Distraído, deixou escapar do bolso para o chão uma nota de cem que esperava comprar com ela um pouco de carne para por nos pratos da família. Dois jovens estudantes que perfaziam o mesmo caminho logo a seguir puderam ver a cena. Teria sido, o fato, sorte grande para o trabalhador se os jovens o tivessem lhe devolvido o dinheiro. Fizeram eles foi gastar o necessário do outro com qualquer besteira.

A Lei Antifumo entrou em circulação e por ela agora só se pode fumar em locais públicos abertos, como vias e praças. Ainda que dependesse de aprovação, o bom senso de cooperação poderia ser usado por alguns fumantes em locais onde a lei parece se estender sem ser muito clara. É comum vê-los obrigando pessoas a cobrirem seus narizes ou a deixarem indignadas seu lugar conquistado devidamente em filas, como as de espera por ônibus, por causa do cheiro da toxidade das malditas fumaças de cigarro que esses mentecaptos soltam.

Por falar em fila, como aborrece ver os que se acham no direito de furá-las. Os que não querem enfrentá-las porque se acham mais cansados ou mais privilegiados do que os outros. Da mesma forma abominável existem os que se passam por prioritários ou usam de sua prioridade para passar na frente dos outros sem que a necessidade de furar a fila fosse lícita ou louvável.

Dentro dos ônibus, há lugares reservados para idosos, grávidas, deficientes. E há pessoas que tiram destes o direito. E dão trabalho para devolvê-lo caso sejam forçados. No empurra-empurra da lotação do horário de pico, tem sempre aquele cara que faz questão de ir em pé para bulinar uma mulher. Há quem perturba os outros com falatório sem volume disciplinado e há quem liga o seu celular em alto e péssimo som, a fim de perturbar todos os passageiros. Tem aqueles que pulam catraca para não pagar passagem, os que invadem os ônibus e os que descem pela porta que entrou.

No call center, o atendente faz muito mal seu atendimento. Aproveita que não pode ser visto por quem está do outro lado e o faz ter prejuízos e aceitar desaforos. Mesmo sendo gay, ele dá uma aula de como discriminar grupos: "Que cara burro, só podia ser nordestino". Nos arredores da Operação a vida é feita de drogas, de assaltos e de violência.

Na lanchonete, a moça deixa a Caixa levar prejuízo. Não a alertou sobre o erro que ela cometera ao cobrar a menor o valor do lanche que havia lhe vendido. A moça do caixa distraira-se enquanto falava contra a decisão do Governo de estender o prazo de meses trabalhados para se ter direito ao seguro desemprego. Estampava a caixa o típico sujeito que foi chipado com o chip que contém a maldade da mídia. Reclamava que antigamente era só trabalhar seis meses e já se podia receber o seguro. Esquecia-se ou não sabia, que para receber o tal seguro seria necessário ter sido demitido sem justa causa. Na certa ela iria tratar de forçar uma demissão ou quem sabe combinar com o patrão de lhe mandar embora e juntos engalobarem o Governo e ela ir mamar nas tetas de quem gosta de trabalhar, pois alguém tem que trabalhar para que o seguro seja pago para aqueles que querem trabalhar seis meses e ficar cinco recebendo dinheiro para ficar com as pernas para o ar. Situação que o veneno da mídia para imundar a imagem do Governo não cuida de deixar claro para os que acham que a medida foi abusiva e predatória.

Trabalhar não parece muito ser a praia do jovem brasileiro. Aquele que nunca apanhou atestado médico falso para ficar livre da labuta que atire a primeira pedra. E que nunca deixou a culpa de um erro seu ir parar nas costas de um colega idem. E, ainda no trabalho, tem aqueles que somem com as coisas do colega e praticam verdadeiros furtos inocentes. Mas, furtos.

Na rua, se deu vontade no sujeito de urinar por causa de uma bebedeira, a calçada do outro é que vira mictório. O muro vira painel para a arte miserável de ridícula dos pichadores. Se o time de futebol faz um gol, que se dane os ouvidos e a paciência dos outros: tome foguetes e buzinaços. Um cara estaciona em uma ciclovia e impede a passagem dos ciclistas. O outro dirige sem carteira de motorista. O outro quer que quer usar a pista exclusiva dos ônibus. Tem um que passa dos limites de velocidade, tem outro que guia embriagado. Atropelam e não prestam socorro. São multados, mas têm alguém que lhes alivia a multa. O guarda aceita o suborno. O examinador do Detran combina com o instrutor da auto escola e reprovam inocentes para faturar com novos pagamentos de taxas e de aulas. Está cheio de motoristas barulhentos burlando as regras dos decibéis e da coerência de expressão com o absurdo volume do som que sai de seus carros. A polícia vira as costas para eles e para o ladrão de celulares, que troca os aparelhos a preço de banana nas feiras barras pesadas, onde até quem vai comprá-los age com corrupção apropriando-se de bem que ele sabe ser roubado. É o pecado capital de querer as coisas fáceis e baratas demais.

Nas igrejas pastores viram bilionários tirando tudo dos fiéis e os enviando para baixo da linha da pobreza. A espiritualidade no país também é digna de golpe. O fiel aprende a contratar serviços ou a fazer dívidas e a dar calote. Quem para eles merece receber por qualquer coisa lhes prestada é só o que lhes levam a ser tão ordinários.

Um monte de empresários sustentam os seus entes queridos e o seu patrimônio roubando no preço dos produtos, entregando produtos de péssima qualidade, vendendo gato por lebre, explorando os empregados e sonegando imposto. Têm uma grande fortuna guardada no HSBC na Suiça. As arrecadações livres de taxação. No rol de amigo desses: políticos que recebem grana deles em todas as eleições a cargos políticos que eles concorrem. Vão eles defender os interesses do financiador e dos outros amigos empresários da Fraternidade. Dentre esses interesses está: continuar sem ter sua fortuna taxada.

Eleitores que vendem voto. Vereadores que compram votos. Deputados que superfaturam ou forjam licitações. Ex-candidatos à presidência da república que desviam dinheiro da saúde pública. Que constroem aeroportos em suas propriedades e o que mais precisar em seu próprio benefício. Senadores que transportam quilos de cocaína em seu avião. Ninguém é investigado. A imprensa se cala, a mídia prestigiada abafa tudo. Jornalistas que prestam seus serviços diabólicos por puro sarcasmo antipopular. Desculpam-se da população alegando serem obrigados a fazer o que fazem para não perderem seus empregos. Toda essa gente de moral duvidosa e de caráter corrupto tem ido para as ruas manifestar contra a corrupção. Quem os move a fazer o que fazem são os chefes das quadrilhas que operam em cada segmento social no Brasil. Tudo que esses chefes querem é depor o governo esquerdista, pois os projetos que aguardam aprovação minam as mamatas deles. São projetos que visam acabar com o investimento de empresas em políticos, que visam taxar as grandes fortunas. E uma série de outras coisas que visa elevar bastante a moralidade do povo em geral.

Para os manifestantes a fonte da corrupção é o governo do trabalhador instaurado pelo voto democrático há mais de doze anos. Ninguém quer se ver no espelho, ninguém quer refletir e se libertar do controle de mente que sofre. E é tão fácil para os brasileiros resolver todas essas deficiências individuais e com isso resolver as mazelas sociais. É tudo uma questão de fazer autojulgamento. Cada um fazendo o seu, cada um se curando e fazendo a sua parte para se dar um país melhor. Não é uma questão de se por nas mãos dos outros. Muito menos nas mãos das elites.