Decepção, indignação, raiva e tristeza.

Foi o que senti ao procurar um serviço onde trabalhei por vinte e nove anos, procurando ser se não o melhor, um dos melhores, e consegui durante toda a vigência do meu contrato atender com dignidade todos aqueles que ali apareciam em busca não só de seus direitos, mas também de algum conforto. Mas infelizmente não foi isso o que encontrei, quando passei de servidor a ser servido, pelo menos era o que devia ser.

Quando ingressei no Serviço Público, abracei a minha profissão como se abraça um grande amigo, com carinho, dedicação e respeito, principalmente respeito. É que naquela época, ser um servidor público era um privilégio, uma honra, éramos respeitados e, por isso mesmo dávamos tudo de nós, para não decepcionar o nosso patrão, o público. Foi então que nessa época, resolvi não ser mais um servidor público e sim, um servidor do público e todas as vezes que alguém me perguntava o que fazia, inflava o peito e respondia, sou servidor do público. Agindo assim, consegui me orgulhar do meu passado, até que alguém resolveu colocar uma pesada pedra sobre aquilo do que me orgulhava, ter passado a vida respeitando a quem eu tinha por obrigação de servir bem, com respeito e admiração, afinal de contas, era Ele, o público, a razão de eu ser tudo aquilo que conseguia ser.

Mas mesmo assim, tenho ainda a esperança de que alguém pegue essa Bandeira, a de amar aquilo que faz, quando se trata de servir ao público, esse patrão tão sofrido e merecedor do maior respeito possível. Com a minha indignação, me despeço prometendo voltar quem sabe um dia, elogiando quem hoje me decepcionou. Gostaria muito de poder voltar a escrever público com P maiúsculo, como deveria ser. Até breve.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 19/03/2015
Reeditado em 19/03/2015
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