A gigantesca realidade do destino

Nascido no deserto, eu um mero grãozinho, sou carregado pelo vento, minha alma se liberta das dunas. Não sei o destino que me aguarda, mas parei nessa floresta... E o tempo passou, passou e anoiteceu!

E nessa calmaria noturna, escuto sons, observo a escuridão densa, vejo as folhas balançarem, eu sinto medo... A pior sensação não é o medo, é estar sozinho... Meio que desorientado, sou carregado pelo acaso, mas com o tempo descubro o que me carrega, e me sinto seguro, pois estou na pata de algum animal, pelo rangido parece ser uma onça, mas ela para... E eu paro... Parece que ela encontrou alguém, mas quem?

E sem saber desse encontro sou arremessado, meu coração trepida... E percebo que mais uma vez estou suspenso no ar...

Olhei para traz, e lá estava a onça a lutar com outra onça, mas nem sei de qual onça eu vim...

Enfim, é fato! Estou caindo num abismo e não sei o que me aguarda, fico nesses minutos a esperar pelo pior, mas espere... Uma flor amiga me abraça e em suas pétalas me aparo!

Fico aliviado, pois ouvi histórias horríveis de grãozinhos que se dissolveram nos rios. Quando a manhã fica serena, começo a escutar um rio, penso que lá em baixo o rio fica a passar.

A passar... E a passar...

E de repente percebo que ele está lá, a me esperar... A me aguardar e a passar...

Enfim...

Aos poucos a flor começa a balançar, eu peço a ela que pare...

Mas sua natureza não a permite e meu coração arenoso pulsa mais forte, mais rápido e minha amiga me deixa cair! E longos fleches de pensamentos me passam pela memória. E sinto a liberdade do nada, e não sinto apoio... E caio, caio e caio. E de repente eu paro! Estou boiando num gravetinho...

Quem diria! Um gravetinho! E mais próximo do rio, começo a tremer... Sei que meu destino esta se aproximando e vagarosamente minhas forças são poupadas e pego no sono.

Acordo, e nem acredito, eu dormi o dia todo e ao relento... Nossa! Passou-se muito tempo... Lembrei das dunas e contemplei esse rio, que agora esta prateado do amanhecer, respirei e sorri... Nas dunas nunca veria isso, mas sigo o destino e ouço um barulho logo a diante, mas não tenho altura para ver o que é...

O barulho vai aumentando, aumentando e meu coração arenoso pulsando, pulsando... E escutei um peixe sussurrar baixinho: - é uma cachoeira!

O pior não é o medo! E me sentir sozinho...

- Por que Deus não me fez um peixe?

- Por que Deus não me fez um pássaro?

Só consigo ter uma única reação...

Não olhar...

Quando o inevitável acontece e começo a sentir a liberdade do nada, e a não sentir, novamente, apoio... Percebo que começo a cair, a cair e, novamente a cair.

E...

Novamente...

O vento começa a soprar e carregado por ele, estou a me libertar, e para bem longe ele me arremessa... E nem acredito!

Estou numa praia, junto com outras dunas...

Ouço-as temerem o oceano e fico feliz, pois não o temo... Pois Deus me fez um grãozinho!

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 07/06/2007
Código do texto: T517615
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