Manchinha

Exaltação

Prof. Holanda

Tua chegada nos trouxe alegria. Todos te acariciavam. Já eras formosa. Gordinha, de orelhas em pé, que causavam admiração a todos os que te viam. Rolavas, feito criança, quando de ti me aproximava para oferecer-te carinho. Pequenininha ainda , já davas certo ar de confiança, de tranqüilidade ao lar em que habitavas. Crescias. Gradativamente ias adquirindo o porte de adolescente.

Será que tinhas dúvidas quanto ao teu futuro? Continuavas brincando, divertindo-nos. Rapidamente te tornaste adulta. Passaste, então, a merecer respeito e confiança. Teu corpo de “miss” empolgava a todos os que te viam. Os cães da vizinhança, mesmo aqueles que eram da tua raça, te admiravam, te paqueravam, até.

Tomamos uma decisão por ti. Talvez aí tenha sido nosso erro e o único. Será que desejarias viver para sempre virgem? A opção foi nossa. Era o zelo que te dedicávamos que nos fez agir assim. Não queríamos que nada te acontecesse. Nem mesmo o sexo, que é próprio, natural de qualquer animal. Desculpa por não termos te permitido fazer tua escolha.

Dia 9 de setembro de 1986, teu espaço emudeceu. Tu te calaste para sempre. Ficamos sem dizer uma palavra. Sentimos que tínhamos te perdido para sempre. Só tu poderias dizer o que te acontecera.

Manchinha, temos certeza de que estás em um bom lugar no céu dos animais. Fica certa de uma coisa: tua lembrança permanecerá para sempre. Os animais, também merecem ser amados, pois, muitas vezes, eles doam sua própria vida em defesa do seu dono. Durante todo esse tempo, guarneceste nossa casa, pondo em risco tua própria vida.

Em 11/09/1986

Raimundo de Assis Holanda Holanda
Enviado por Raimundo de Assis Holanda Holanda em 07/06/2007
Código do texto: T518008