"IRMÃS CARMELITAS"

Na minha juventude a repressão sexual feminina era severa: “moça que prestasse” tinha de se casar donzela!! Por esse termo nossas mães e pais entendiam que nenhuma zona erógena podia ser tocada ou explorada, ficando o namorado ou noivo proibido de fazer incursões libidinosas por quaisquer delas. Isso era importante, porque, segundo os mais velhos, “os seios amoleciam” se fossem tocados, e corria-se o risco de se engravidar com beijos e carícias.

Além disso, ninguém queria duas coisas: “ficar falada” por permitir ou fazer certas “indecências”, e muito menos correr o risco de ser devolvida à casa paterna, se na primeira noite da “lua de mel” (até hoje não sei a razão desse nome, mas o acho divertido), o marido descobrisse que o “selo de garantia” não estava nos conformes.

Apesar disso, volta e meia sabia-se de alguém que tinha sido “roubada” pelo noivo e que a família queria mandar matar os dois, ou a fofoca corria solta na cidade, dizendo que fulana iria se “casar na igreja verde” (também desconheço a origem dessa expressão), porque estava grávida, embora fosse “virgem”.

Claro que naquela época, em Linhares, havia as meninas que ignoravam tudo isso, que botavam para quebrar, que iam para o alto da Bela Vista na Lagoa Juparanã “assistir às corridas de submarino”, mas se a sociedade descobrisse isso, ela ganhava a pecha de “piranha!!” e as moças de família tinham de evitar de se misturar, porque “quem com porcos se junta, farelos comem”.

Enquanto isso, os filhos liam revistinhas de sacanagens e eram incentivados pelos pais e amigos a frequentarem as casas de saliências, visando a aprender com as “Marias Machadões”, os segredos que levam ao nirvana, ou seja, aquilo que suas castas esposas jamais aceitariam fazer com eles.

O tempo passou e os conceitos e as preferências mudaram. Hoje muitos jovens namorados dormem juntos na casa de um deles, usam preservativos, o rapaz parece não fazer questão alguma de ser professor da disciplina de “Iniciação”, e penso que prefere mesmo que a moça seja pós doutora no assunto.

Com essa mudança comportamental, as “piranhas” de outrora foram substituídas pelas “periguetes” modernas e pelas “Acompanhantes de Luxo”. As primeiras são facílimas de se reconhecer: nunca têm frio, estão sempre de shorts ou vestidos curtos, colados ao corpo, decotes ousados, com os bumbuns bem empinados, mas tudo o que querem mesmo é que algum homem case com elas ou as assuma. As outras são mais sabidas e lançam mão da tecnologia e do marketing para divulgar suas atividades “salientísticas”. Refiro-me às Brunas Surfistinhas e suas seguidoras, que chegam até mesmo a se anunciar em outdoors.

Em 2015, em Linhares, o comentário é que uma delas resolveu se instalar em um hotel da cidade e oferecer os serviços ao módico preço de R$400,00 a hora. Dizem que sua agenda andou tão lotada que foi necessário trazer mais colegas para agradar os clientes ávidos por novidades. Agora o bochicho é que duas novas “prestadoras de serviços” chegaram, são mãe e filha, e atendem conjuntamente a único preço.

Vade retro!!

Claro que isso pode ser falta de assunto, miragem, fofoca, falta de serviço... mas se for verdade, temos de fazer justiça com as “piranhas” de outrora e que hoje estão velhas: “Queridas, perdão, vocês eram apenas "irmãs carmelitas!”"

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 25/03/2015
Reeditado em 28/07/2022
Código do texto: T5182886
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