Com sinceridade...

Nós humanos, ditos seres racionais, não somos totalmente confiáveis, à vista de nossa ambigüidade, das nossas incoerências. Falamos de uma maneira, mas nossos atos, muitas vezes, em seguida, desmentem nossas palavras.

Referindo-nos a determinadas pessoas, dizemos que são muito corretas, soando quase como uma censura. Emendamos então, que por serem assim, esperam que os demais também o sejam. Assim, parece que justificamos e, até certo ponto, abonamos as atitudes não tão corretas que outras pessoas tenham.

Estarão erradas as pessoas corretas por desejarem que os outros também o sejam?

Eu, por minha vez, não gosto de frivolidades, salamaleques, bajulação. Não sei usar, nem gosto de alegorias, quando se trata de opinar sobre o quê ou quem seja. Cheira-me a falsidade. Sou direta e isso já me foi apontado como um grande defeito.

Há pessoas que preferem que se lhes fale por meias palavras, alegando sua sensibilidade à rudeza. Mas, ainda que se use de sutilezas, quando lhes dirigirmos alguma observação menos elogiosa, melindrar-se-ão de qualquer maneira, pois sua suscetibilidade não existe em função da franqueza rude, mas sim, da franqueza em si.

Com ou sem sutileza, devemos continuar sendo francos, sinceros, esperando que todos sejam corretos. Não existe evolução moral, sem praticarmos os conceitos que facilmente divulgamos, através das nossas palavras. Há que vigiar as palavras, inclusive quando falamos dos sentimentos de amor, fraternidade, benevolência, tolerância, caridade, pois usamo-las abusivamente, sem meditarmos sobre como nós vivemos realmente, esses sentimentos.E eles vão muito além da nossa infantil concepção.

Não devemos deixar de lado a franqueza e a sinceridade, sejam elas rudes ou sutis, mas devemos agir de forma a não darmos ensejo às críticas que nos ferem. E, se nos ferem, provavelmente, lá no fundo, sabemos que são merecidas.

08/06/2007