URINOU NO QUARTO DA NOIVA

A mulher, em todos os sentidos, sempre foi mais recatada, mais discreta, mais delicada que o homem, principalmente quando tem vontade de fazer xixi; Ela vai fazer xixi com elegância, como quem vai passear; Vai disfarçadamente a lugar reservado, e sempre pede a companhia de uma amiga. O homem, pelo contrário, já é mais relaxadão, é um brutamonte, é mais porcalhão; Se estiver com a bexiga para estourar desocupa a urina em qualquer lugar; Atrás de uma árvore, atrás de um carro, atrás de uma moita sempre serão lugares encantadores, apaixonantes para espumar a urina no chão.

Vou contar o pecado, mas preservando a figura do pecador.

Eram dois amigos inseparáveis. Quase irmãos. Um deles gostava de usufruir em demasia do líquido que os passarinhos se recusam a tomar.

Um dia, para o casamento da filha do que sempre se mostrava sóbrio, o amigo bebum foi convidado, como não poderia ser de outra maneira.

Ele foi e bebeu pra cacete.

A festa se desenrolava solta e alegre na casa da noiva. Muitos convidados se cotovelavam pela sala, pelos quartos, cozinha e quintal.

A noite já pintava tudo de negro. A lua cheia, lá no alto, permitia com seu brilhar que as pessoas não se trombassem no quintal.

A casa era simples e de madeira.

No quarto, na cama de casal, se amontoavam dezenas de presentes.

O líquido estonteante, espumando nos copos, rolava solto. As mulheres faziam fila na única privada que existia na residência – era uma casinha em madeira lá no fundo do quintal. Os homens aliviavam-se por de trás da casa.

O amigo do pai da noiva sentiu-se na obrigação, no elevado dever de dar conforto a seu esqueleto, e para aliviar sua bexiga começou a dura procura pelo lugar adequado. A mangueira que ele tem no meio das pernas, usada para esvaziar a urina, estava exageradamente endurecida causando certo constrangimento no mulherio presente, que fugiam em gritinhos de temor ou de saudade.

Cambaleando, sem se preocupar com o vexame, procura o bêbado incessantemente um lugar adequado para se aliviar.

Por fim ele abre uma porta. O lusco fusco do ambiente que se descortinou, misturado com o álcool que ele ingeriu, deu uma visão de uma linda e convidativa privada para o quarto repleto de presentes.

Não teve dúvidas e começou com dificuldade abrir a braguilha.

A noiva se retocava a um canto na penumbra, e quando viu aquele jumento acomodando, para o lado de fora da braguilha, seu instrumento urinário, pensou que seria estuprada antes do noivo.

Quando ela percebeu que não era ela o objeto do desejo do bêbado, e sim o conforto que o atrás da porta trazia para ele, começou a gritar.

O bêbado ouvindo os gritos pensou que fosse seu cacete dando à bronca, e com voz entrecortada diz:

- Calma meu companheiro, já estou te aliviando!

A urina corria, caudaloso rio, por debaixo da porta invadindo o corredor e tomando conta dos aposentos. A noiva aos gritos, fugindo do quarto escorrega naquela imundície e cai de prancha. O pai dela vem em seu socorro enquanto o povo pisando nas pontas dos pés tapava as narinas para evitar o forte cheiro de ureia.

Quando o pai da noiva vê o bêbado saindo de trás da porta, pega-o pelo colarinho e espumando de raiva grita.

- Seu porco imundo, veja o que você fez!

O bêbado, quase caindo, babando, coloca a mão no ombro do amigo para não cair, e com voz conturbada diz:

- Bonita festa meu amigo, quero beber para comemorar!

Mario dos Santos Lima
Enviado por Mario dos Santos Lima em 29/03/2015
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