Meus Valores Que Mudam A Cada Passo

Vânia Moreira Diniz

O sofrimento, especialmente a morte atingindo e açoitando nossos sentimentos nos dá uma lição de vida, embora dolorosamente sofrido. A cada golpe aprendemos que a vida é muito curta, o egoísmo uma barbaridade e o orgulho, algo tão pequeno, que quase nos envergonhamos de pronunciarmos seu nome.

Nessa hora os acertos são comuns e achamos que estamos fazendo pouco pelas pessoas, sendo displicente com os amigos, indiferente nos momentos que nossos companheiros de estrada mais precisam e que não damos valor aos verdadeiros anseios que poderão nos levar a uma legítima satisfação interior.

Hoje a minha sensação de perda é dolorosa, mas principalmente a certeza que poderia ter feito mais e melhor durante todos esses anos. Sinto-me totalmente perdida, chorando, enxugando as lágrimas e prosseguindo com fé mais profunda do que antes e a certeza que o sofrimento me amadureceu e me fez melhor. Pelo menos espero isso.

Os meus valores mudaram ainda mais fazendo-me entender as decepções e me alegrar com o que me surpreende, mas convicta de que as superficialidades que nos envaidecem não trazem nenhuma satisfação intrínseca.

Estou diante de uma vida tão finita que nem ao menos entendemos seu mistério e quando creio na sua grandiosidade concluo que o mundo atual a banalizou ainda mais talvez porque o pensamento atinge sempre um padrão de eternidade sem refletir na sua verdadeira dimensão.

Não desejo ser gloriosa nem pensar na possibilidade de alcançar egoisticamente sonhos individuais, quero voar por amplidões, poder entender o meu próximo e me livrar de qualquer mágoa. E depois então sentir a mão que aperta e afaga o abraço que conforta, e sentir-me plena para um dia conseguir assimilar as verdades que agora me apavoram.

Hoje nessa dor incomensurável, sei que as pessoas são eternas pela energia desprendida, pelas recordações gloriosas e pelo sentido que cada pessoa deu à minha vida transformada em experiências.

A dor vai passar, transformar-se em saudade e ternura, a ferida cicatrizará, porém o sentido do amor por cada uma das pessoas que se foram nunca se extinguirá.

Um dia serei eu que irei, e nessa ocasião, quero sentir que minha vida valeu a pena e que pude deixar sementes que se reproduzirão para meus descendentes.

Essa experiência eu tenho tirado, de que nada que fizer mal ao meu irmão de caminhada me fará feliz e prefiro então abster-me de tudo que cause dor a qualquer pessoa. Acho que essa é a verdadeira forma de ser feliz. A satisfação só pode ser completa quando estivermos todos incluídos numa compreensão uníssona e com as mesmas oportunidades.

Estou caminhando e vendo lá longe, no horizonte luminoso uma estrada que eu não conhecia até pouco tempo e que sugere que meus valores transformados possam encontrar dentro de meu coração uma felicidade refletida na prosperidade universal.

Não quero caminhar vendo brilhantes pelas estradas, mas sentindo o brilho de todos os olhares que talvez antes eu não enxergasse com tamanha clareza

Vânia Moreira Diniz

Vânia Moreira Diniz
Enviado por Vânia Moreira Diniz em 08/06/2007
Código do texto: T518966
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