Eder

O filho de Dona Angelina e do velho Kid aos poucos vai descendo do rinque e as luvas gloriosas buscam já seu lugar entre os símbolos dos grandes.

Talvez não exista em nosso Brasil, que idolatra tantas coisas efêmeras e vazias, um valor tão verdadeiro e tão autentico quanto ele.

Na luta de 18 de agosto de 1960, quase se entregou, mas, algo do profundo valor dos verdadeiros heróis fez que aquele momento perdido resplandecesse para a glória.

Como pode o herói esquecer seus feitos e os momentos que modificaram grande parte de nossa história de povo periférico no palco mundial ?

Como pode que a casa em que mora deva ser sinalizada com os nomes das coisas para que o herói não se perca ?

O marido enamorado de Cidinha (hoje no céu) parece que perdeu a vontade de viver e se refugiou no mundo misterioso dos silêncios.

O filho ilustre do Parque Peruche, jamais deixou a candura e simplicidade de ser, mesmo tendo sobre a fronte os louros eternos dos verdadeiros campeões.

Poderemos, o Brasil, restituir a ele apenas um pouco da glória que nos deu ?

Lembro, nos ombros de meu Pai, seu desfile pela Av.Rudge, quando voltou de Los Angeles com o cinturão que faiscava refletindo o sol daquela manhã !

Dizem que até a foto desse momento não consegue identificar !

O Pai amoroso de Marcel e Andrea vai aos poucos se retirando, sua figura alquebrada, 78 anos, magro, apenas ilude quem que só com os olhos consegue ver.

Sua sombra na parede refletida alonga-se como a de um gigante envolto na bandeira do Brasil.

Eder Jofre !