O ÚLTIMO ATO DE AL PACINO

Essa era a manchete do jornal Zero Hora na tabuleta do supermercado. Dia 2 de abril não é mais dia da mentira.

- Meu Deus, mais um que se matou?! Pensei.

Com o cesto no braço, passei às compras de suprimento para os três dias da folga de Páscoa, enquanto pensava que iria rever: Perfume de Mulher, a trilogia Poderoso Chefão (desta vez sem dormir na metade), aquele da indústria do cigarro e outros.

Na saída passei novamente os olhos pela manchete acima da fotografia do ator magérrimo. A matéria estava no Segundo Caderno o que não me permitiria virar as páginas para bisbilhotar. Pensei em comprar o jornal. Teria que enfrentar fila novamente. Nem pelo Al.

Em casa liguei a TV no Jornal do Almoço. Nada! Imaginei que a tragédia havia ocorrido no dia anterior e ido ao ar de noite. A vez é do incêndio e de outros dramas globais.

Abri a página do Facebook e não encontrei qualquer homenagem ou versão apocalíptica. Seria eu a última fã? Evidente que não. Enviei um e-mail para uma amiga:

- Rita, o que aconteceu com Al Pacino? Ele morreu? Tu sabes alguma coisa?

Logo o telefone tocou e pude ouvir alguém rindo descontroladamente do outro lado. Depois que diminuiu o riso, a criatura conseguiu dizer:

- Ele está no cinema. Estreia hoje por aqui o filme “O último ato”.