ALGUMAS NOÇÕES DE LAR

Trago para meus queridos leitores algumas noções desta instituição sagrada que chamamos de lar, nossa escola primeira, e há até quem a chame de nosso segundo útero, por ser um lugar de aconchego, onde nos sentimos à vontade, lugar onde podemos descansar nossa alma. Isso nem sempre acontece!

O que entendemos por lar? Logo pensamos em moradia, lugar onde moramos. Quase certo! O lugar onde moramos é feito de tijolos, areias, concretos...; já o lar, é construído com o sentimento de quem vive nele, é o trabalho de uma vida. Esse magnetismo amoroso que aconchega, atrai, descansa. Observem a dificuldade dos filhos, com algumas exceções, é claro, ao deixarem a casa paterna, para construírem seus próprios lares.

A bem da verdade, sabemos ser sonho de todos ter um lar feliz, mas com raras exceções isso vem acontecendo; o homem ainda não despertou para a tarefa de mondar o terreno do sentimento, invadido pelas ervas daninhas do orgulho e da vaidade, e povoado pelos monstros do ciúme e do egoísmo.

Por que no tempo do namoro tudo parecia mais bonito, até a pessoa amada era mais bonita, os problemas eram resolvidos com maior facilidade, havia mais contentamento, maior cumplicidade, mais romantismo e companheirismo? O que mudou depois do casamento?

Quando se está apaixonado, há o interesse em conquistar a pessoa amada, certo? Então o que acontece? O homem (ser humano) mobiliza para esse fim todos os recurso que ele traz guardado n’alma, como o soldado que leva recursos à guerra; o homem está aqui para o amor, e traz com ele recursos para amar, então ele fica mais gentil, mais humano, e mais belo, olhar brilhante, pele sedosa, sorriso fácil.

Não é o casamento que esfriou o amor, é a invigilância no próprio exercício do amor. Amor é sentimento aprendido. Se não se interessa pelo aprendizado do amor, perde-se o entusiasmo, e volta-se aos maus costumes, ao mau uso do seu pensar...do seu dom de amar, e isso vai acontecendo devagarinho, quase imperceptível: se o marido está calmo, é a mulher que está nervosa, se a mulher se mantêm passiva o marido tiraniza, se a mulher comenta dos filhos o marido alega cansaço, se o marido desabafa das lutas do dia, a mulher nem o ouvi preocupada com seus próprios interesses. Desestimulados para o dialogo, a solidão a dois é inevitável e a conversa entre marido e mulher não passa do sim, não, talvez, quem sabe, sei lá, quando não utilizam apenas dos gestos como meio de comunicação.

Segundo um escritor espiritual André Luiz, o lar é semelhante à um ângulo reto nas linhas do plano da evolução divina.

Como assim: a reta vertical representa o sentimento feminino, envolvido nas inspirações criadoras da vida. A reta horizontal representa o sentimento masculino, envolvido nas realizações no campo do progresso comum.

O que está faltando para completar esse desenho geométrico imaginário? O vértice. Aí temos o LAR. Onde as duas linhas se encontram, (marido e mulher) para o entendimento indispensável.

Esse é o templo sagrado onde o casal deve estar unido espiritualmente antes que corporalmente.

Não importa se lançam idéias de que o LAR é uma instituição que tende a falir, importa e muito que cada um faça sua parte, mondando o terreno do sentimento no exercício da tolerância, da fraternidade, não deixando que apague a luz luminosa do AMOR, pela falta de camaradagem e gosto de conversar, resultando em dois estranhos vivendo sob o mesmo teto em lamentável solidão.

Luzia Câmara Ozarias
Enviado por Luzia Câmara Ozarias em 09/06/2007
Reeditado em 09/06/2007
Código do texto: T519511