O esporte do povo.

O esporte do povo.

O que mais me impressiona no futebol é a festividade que se faz nas vitórias. Moro em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, onde co-existem com muito ardor, dois gigantes, o primeiro o Internacional, cujo campo se encontra no denominado Beira Rio e oGrêmio, que se localiza próximo ao Cemitério João XXIII. Se odeiam cordialmente. Meu bairro é bem central, com muitos prédios na volta e avenidas movimentadas então o barulho é ensurdecedor.

Foguetes, buzinaços, gritos de guerra fazem das noites de quarta-feira

alguma coisa inusitada. Quarta passada houve uma partida com o Grêmio pela Copa Libertadores da América, na 5a. feira foi a vez do Inter. Ouviu-se, até altas horas muito tumulto no entorno. Tenho uma poodle de 8 anos, muita querida e com carinha de filhote que fica enfurecida com tantos estrondos. Há bares por nas promixidades e as pessoas aproveitam para bebemorar e depois sair com seus carros acionando as buzinas. Toda quarta é a mesma sina.

Sempre há um campeonato. Termina um, em seguida começa o outro.

Não entendo tanta festa, tanto rojão até fogos de artifício em algumas

ocasiões. Ano passado foi a vez do Inter, campeão da Libertados e depois campeão do mundo no Japão. As festividades foram intensas, jogadores voltando e desfilando em carros de bombeiros, alguns se tornando celebridades e ganhando milhões pouco tempo depois.

Comparado ao futebol só o carnaval, mas este é só há uma vez por ano e vejo só na televisão, durante quatro dias, intensamente. Mas o esporte bretão é o que mais me deixa pasma! Sei que muitos gostam senão não haveria tanta paixão, é pode-se dizer paixão, pois só isso justifica tanta loucura. Talvez por tantas frustações que a vida acarreta e ali, naquele instante em que acontece o gol liberam-se as emoções, as tristezas, as frustações do dia a dia, ocorre então uma verdadeira catarse.

Na política também era assim há algum tempo atrás, agora não mais, depois de tantos escândalos não há mais ideais. Não se usa mais o coração para defender as cores da bandeira política como na época da fundação e dos dias gloriosos do Partido dos Trabalhadores. Agora há uma estranha quietude no país, coincidentemente com a ascenção

do PT ao poder.

Enfim quero falar de futebol. Das pessoas que choram em campo pelo

seu time do coração.Há quase uma histeria coletiva.Fico,realmente

estupefata com essas manifestações. O nascimento de um bebê, por exemplo, deveria ser abençoado, festejado com muitos foguetes e no entanto, passa em branco. Algo tão complexo, tão especial é tratado com banalidade. A vida se tornou muito comum e, no meu entender,

é muito mais digna de alegria, congraçamento e parece um acontecimento rotineiro. Mas, afinal todos os dias, todas as horas no mundo inteiro nasce uma criança. Futebol têm dias para acontecer,

então "merece mais atenção".

E a formação do ser, os órgãos, os aparelhos, os sistemas como o circulatório, para mim o mais maravilhoso e fantástico de todos. Os seres nascentes são comuns, banais. Não existe nenhum momento em que se possa festejar o nascimento de um, pelo menos! À exceção do

Natal, mas é diferente, pois nesse momento se comemora um Deus feito homem.

Aliás sabe-se muito pouco sobre como o sangue circula nas veias, artérias, arteríolas e como coração bombeia o líquido vermelho, da cabeça até a pontinha dos pés.E os aparelhos e sistemas de que maneira estão funcionando? Poderíamos eleger um dia para esclarecer minuciosamente toda a complexidade do SER!

De futebol todo mundo entende. É fácil. É um campo com determinada metragem, duas goleiras, onze homens de cada time, dois bandeirinhas, um homem de preto, o juiz que parece o 23º homem jogando, pois corre junto, a torcida e o gol que, quando acontece, esta vem abaixo. Creio que é isso. Ah! Não! Há o impedimento, mas este ninguém entende, só os comentaristas da tv.

Há ainda a Copa do Mundo, de quatro em quatro ano, como eleições, daí então o país pára. Há tvs ligadas em todos os bares de todas as avenidas e de todas as lojas atopetadas de gente sentadas às mesas ou em pé frente às vitrines. Enfim, é o esporte mais adorado do país e

que pode se colocar contra se há milhões a favor?