Sem inspiração

A essa hora, deu-me vontade de escrever, mas não sei o quê. As vezes isso me acontece, dá-me a impressão que tenho muita coisa a dizer, mas de nada lembro. Onde será que estão minhas idéias? Será bloqueio? Mas e por que existe o bloqueio? Algo por detrás, misterioso se esconde. Pois então, fico insistindo, concentro-me e vou... para as profundezas do meu ser, de encontro comigo mesma. A visita que faço ao meu interior, de nada adianta.... parece até, que massa cinzenta não possuo. Pois bem, sempre assim, insistir de nada adianta, melhor desistir, deixar para outra hora. E assim, sem inspiração eu me vou...a cama é meu destino mais imediato.

Já deitada, uma lembrança me vem à mente. Nada mais nada menos do que o sonho que tive no dia anterior, muito nítido ainda. Essa de sonhar (dormindo mesmo) me acontece com frequência, basta eu me fixar em alguma coisa, em algo que me impressione. Bem assim, até quando estou assistindo televisão. Como sou excelente observadora, o meu sonho fica sempre situado naquilo que eu vi anteriormente, pode até ser algum detalhe durante a programação da televisão. Até as propagandas não escapam. Outro dia vi modelos desfilando, a magreza delas me chamou a atenção, como também, a habitual seriedade do seu desfilar. Na mesma reportagem, uma jornalista entrevista uma moça sorridente. Foi disso que lembro, muito me chamou a atenção.

Na verdade, o sonho que tive e do qual, muito nitidamente ainda lembro, acredito, ter sido inspirado nas modelos que vi pouco antes de dormir. Foi o seguinte: Estava eu em algum lugar externo, sentada num degrau mais baixo, defronte duma casa antiga, quando então ouço uma música. Em seguida, numa rua ao lado passam dançando seis moças, todas de roupa amarelo queimado. Usavam saias rodadas, nem tão curtas, cujas blusas, terminavam suas bainhas junto à cintura. Apesar delas estarem enfileiradas, passando e dançando, dançando e passando.... de umbigo nada pude ver. Também, não era do meu interesse, não sou lésbica, nada disso, para ficar apreciando mulheres. Mas aquelas mulheres passaram dançando ali, sem que eu assim o quissesse, aliás, foi uma surpresa para mim. De qualquer forma, continuando a narrar a passagem, o interessante era de que as três primeiras passaram por mim dançando com a expressão séria. Parecia que nem me viram, assim como as duas últimas. Só a quarta que não. Ao passar dançando por mim, parou um pouco e olhou para mim. Sorriu e acenou, para em seguida continuar dançando enfileirada com as demais. Ainda durante o sonho, tentei lembrar se conhecia a moça sorridente, mas nada....era ela para mim uma completa desconhecida.

Depois disso, devo ter dormido feito uma pedra, porque só no dia seguinte, logo ao acordar do sonho me lembrei. Sonho bem bobo esse.... se pelo menos eu tivesse sonhado com um grande amor, poderia pelo menos durante o sonho ter sido feliz.

Pois é, a nossa memória as vezes nos prega peças, sonhos e mais sonhos...mas os melhores, são os que sonhamos de quando acordados, porque então, tudo é possível, tudo pode ser maravilhoso. Melhor ainda, se o que de olhos abertos sonhamos se torna realidade.