A retrospectiva jornalística que a Rede Globo realizou não “pulou” a tão badalada edição do debate de 1889.
 
Significando o ápice do fim da ditadura, a disputa de 1989, permitindo que o povo escolhesse o presidente, foi emocionante.
No segundo turno Collor e Lula protagonizaram um incrível duelo.
E Lula quase chegou lá.
 
Não podemos afirmar que Lula ganharia sem a edição do JN. Também fica difícil imaginar o cenário após a vitória petista naquele instante.
Para vencer e assumir em 2002, Lula mudou demais. Essa mudança tem a ver com um amadurecimento, após doze anos, inevitável, porém nós sabemos que o barbudão precisou encontrar os aliados perfeitos, cedendo muito aos “anseios” do sistema.
Lula percebeu que jamais seria presidente desafiando tudo e todos.
 
* Em 1989 a Globo mandava e desmandava.
Não havia Internet, globalização nem a desconfiança que prevalece hoje quando ligamos a TV e escolhemos um canal (desconfiança enorme se o canal destaca a programação global).
 
Naquela noite de sábado, comentando o debate o qual ocorrera no dia anterior, sexta-feira, o JN levou o telespectador a concluir que Collor era o mais preparado.
Veio o domingo, o dia seguinte, Collor festejou a vitória.
Não deu para deixar de notar a ação leviana da emissora.
 
* Na última quarta William Bonner afirmou que ocorreu uma polêmica a qual maculou a imensa dedicação da Globo na cobertura de 1989.
"Um debate entre candidatos é um confronto de ideias que precisa ser visto no todo. Resumir, como se faz em um jogo de futebol, com os melhores momentos, que foi a ideia na época, é um risco enorme porque qualquer seleção de trechos sempre pode ser questionada.
E foi isso que aconteceu.
Além do que a edição acabou deixando o tempo total de Collor maior do que o de Lula.
Isso foi um aprendizado importante para o jornalismo da Globo.
A gente lembra que a democracia estava ressurgindo naquele momento e o jornalismo estava começando a trabalhar com o ressurgimento da democracia."
 
Depois ele disse que a Globo reconheceu o erro e sugeriu consultar vários documentos esclarecendo o episódio, com riqueza de detalhes, no site memóriaglobo.globo.com.
 
* O texto o qual eu repeti acima, tão bonitinho, deve deixar Collor muito satisfeito, mas Lula e seus eleitores frustrados, conferindo esse estranho enredo, como ficam?
 
A idéia seria resumir o debate, porém o tempo de Collor foi maior?
Que papo esquisito é esse?
 
Existem erros e erros.
Ajudar bastante a eleger um presidente merece uma explicação menos contraditória. Declarar que o erro da edição ensinou a emissora a fazer jornalismo é prosseguir ainda imitando os velhos passos manipuladores os quais motivaram o suposto erro.
 
* William Bonner tentou, com eficiência seguiu o roteiro que lhe deram, mas não pode disfarçar o óbvio.
O jornalismo global jamais foi independente.
 
Sempre faltou compromisso, seriedade e, principalmente, verdade.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 25/04/2015
Reeditado em 25/04/2015
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