12 DE ABRIL
Eu não entendo o por que dos aniversários; uma vez por ano a minha caixa de comemorações se desfaz, e isso não é excitante, é mórbido. Não é mais um ano de vida, é apenas a prévia da morte. E ainda há aqueles que dizem que a morte não faz jus do aviso: risos para todos vocês! A cada dia é menos dia no seu calendário de vida -, quanta ‘’vida’’ em um pronunciamento! As palavras são vivas, e a cada vida que sai dos lábios imersos de uma ilusão que se estende neste dia, faz da vida uma morte oca. Não minto quando digo que morro, pois morrer vivendo é a verdade que tenho; e o que tenho é a morte em vida.
Já morri dezesseis vezes, e hoje, estou apodrecendo mais uma vez; do pó, das cinzas, dos sonhos, das vidas em mim.
Se bem que das emaranhadas histórias a vida é pura literatura!
Das dezesseis vidas geradas com veemência, uniu-se à décima sétima morte -, e quem disse que a morte não é Poesia? Como havia dito, o que eu tenho é a morte em vida.
Diluir-se também é misturar-se.
Sou gravura
Gravada
Em abril.
Hoje é a minha décima sétima vida!
Morte à mim, poesia à mil.
Vida à todos, viva abril!